5-01032018Os resultados da 21ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias mostraram que 61,8% da extensão das estradas avaliadas tiveram o estado geral considerado como regular, ruim ou péssimo. A razão disso é a falta de investimentos em infraestrutura, um problema recorrente no Brasil.

A Confederação Nacional do Transporte (CNT), em parceria com o Serviço Social do Transporte (SEST) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT), divulgou, no final do ano passado, os resultados da 21ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, projeto que vem sendo realizado desde 1995, constituindo-se uma base de dados valiosa para a tomada de decisões, tanto para os caminhoneiros autônomos quanto para empresas, investidores e gestores públicos do setor de transporte.

Os dados têm como objetivo auxiliar os transportadores na escolha de rotas mais rápidas, seguras e econômicas, ao mesmo tempo em que mostram a realidade do País, a fim de servirem de subsídios para que políticas públicas voltadas à melhoria dos sistemas logísticos possam ser desenvolvidas com mais efetividade.

Nesta edição, o levantamento teve maior abrangência, percorrendo 105.814 quilômetros de rodovias asfaltadas em todo o Brasil, um acréscimo de 2.555 km (+2,5%) em relação a 2016. Foi percorrida toda a extensão pavimentada das rodovias federais e das principais rodovias estaduais brasileiras. Nesse trabalho foi avaliada a evolução qualitativa da malha rodoviária e identificadas as necessidades de investimentos.

Os dados foram obtidos por meio de uma apuração balizada por rigorosos critérios técnicos, que permitem uma visão completa das condições das rodovias brasileiras.

A Pesquisa CNT de Rodovias foi realizada em 30 dias, por 24 equipes de pesquisadores, com cinco equipes de checagem. Além da avaliação do estado geral, do pavimento, da sinalização e da geometria da via, o estudo apresentou informações sobre infraestruturas de apoio, como postos policiais, postos de abastecimento, borracharias, concessionárias e oficinas de caminhões ou ônibus, restaurantes e lanchonetes.

Segundo a pesquisa, em 2017, 61,8% da extensão das rodovias avaliadas tiveram o estado geral avaliado como regular, ruim ou péssimo. Em 2016, esse percentual foi de 58,2%. De acordo com a CNT, a razão da piora foi a redução dos investimentos em infraestrutura rodoviária.

Houve também queda na qualidade do estado geral das rodovias pesquisadas. A classificação regular, ruim ou péssima registrou 61,8%, enquanto em 2016 esse índice era de 58,2%.

Nesta edição, 38,2% das rodovias foram consideradas em bom ou ótimo estados, enquanto um ano atrás esse percentual era de 41,8%. Em relação à sinalização, os pesquisadores revelaram que esse aspecto foi o que mais se deteriorou. Em 2017, o percentual da extensão de rodovias com sinalização ótima ou boa caiu para 40,8%, enquanto que em 2016 48,3% haviam atingido esse patamar.

A maior parte da sinalização (59,2%) foi considerada regular, ruim ou péssima. A qualidade do pavimento também piorou na opinião dos pesquisadores. O estudo indicou que metade (50,0%) apresenta qualidade regular, ruim ou péssima. Em 2016, o percentual era de 48,3%.

Já a geometria da via, outro quesito avaliado pela Pesquisa CNT de Rodovias, manteve o mesmo resultado do ano passado: 77,9% da extensão das rodovias tiveram sua geometria avaliada como regular, ruim ou péssima e apenas 22,1% tiveram classificação boa ou ótima.

Faltam investimentos

Um dos grandes problemas no Brasil que impacta a qualidade das estradas é a falta de investimentos em infraestrutura rodoviária. Com a crise econômica, a situação piorou.Segundo a CNT, em 2011, os investimentos públicos federais em infraestrutura rodoviária foram de R$ 11,21 bilhões; em 2016, o volume investido praticamente retrocedeu ao nível de 2008, caindo para R$ 8,61 bilhões.

Já em 2017, até o mês de junho, foram investidos apenas R$ 3,01 bilhões. Um valor muito baixo, considerando que para manter o País com uma infraestrutura rodoviária adequada à demanda nacional, são necessários investimentos da ordem de R$ 293,8 bilhões, segundo o Plano CNT de Transporte e Logística.

Apenas para manutenção, restauração e reconstrução dos 82.959 km, onde a Pesquisa CNT de Rodovias 2017 encontrou trechos desgastados, trincas em malha, remendos, afundamentos, ondulações, buracos ou pavimentos totalmente destruídos, são necessários R$ 51,5 bilhões.

Com a pesquisa, a CNT espera contribuir para o desenvolvimento de ações que ajudem no desenvolvimento e construção do Brasil, tornando-o as operações de logística e transporte mais produtivas, competitivas e eficientes.

Confira outros dados do estudo

Riscos à segurança

A 21ª Pesquisa CNT de Rodovias identificou 363 trechos de rodovias com pontos críticos, ou seja, situa-
ções atípicas encontradas ao longo das vias, que representam graves riscos à segurança dos usuários e queda da eficiência do transporte, o que leva a um aumento dos custos operacionais da movimentação de cargas e de passageiros resultante do prolongamento do tempo de viagem e do maior consumo de combustível.

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As melhores e piores

O estudo da CNT também apontou as dez melhores e piores ligações rodoviárias do País, que passam por São Paulo e são constituídas de rodovias concessionadas.

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Custos dos acidentes

Os acidentes em rodovias federais continuam gerando prejuízos aos cofres públicos. Segundo a pesquisa, os 96.362 acidentes, com 6.398 óbitos, registrados em 2016, nas rodovias federais policiadas, resultaram em um custo de R$ 10,88 bilhões para o País. Esse valor é superior ao investimento feito em rodovias naquele ano, que foi de R$ 8,61 bilhões.

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Prejuízos com diesel

Apenas em 2017, estima-se que o setor de transporte tenha tido um consumo desnecessário de 832,30 milhões de litros de diesel, em função das condições do pavimento. Esse desperdício custará R$ 2,54 bilhões aos transportadores.

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Custos operacionais também aumentaram

Vários fatores interferem nos custos do transporte de cargas e de passageiros no País. A qualidade geral das rodovias e, principalmente, a condição do pavimento têm impacto direto no custo operacional dos transportadores. Na Pesquisa CNT de Rodovias 2017, com a piora da qualidade das rodovias, o custo operacional estimado subiu para 27,0%, ante os 24,9% calculados em 2016.

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Por Madalena Almeida – Redação Na Boléia

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