Os carros usados e seminovos já estão valendo menos do que seis meses atrás! Mas, para entender o porquê que isso está ocorrendo, precisaremos voltar alguns meses no tempo.

O mercado brasileiro de automóveis tem vivido um período atípico desde que a pandemia desembarcou no país, em março de 2020. Inicialmente, o fenômeno a afetar as cotações foi a falta de alguns componentes nas linhas de montagem – em especial os semicondutores, que são dispositivos usados em todo tipo de veículo. Como consequência, as montadoras priorizaram a fabricação de modelos mais caros, restringindo os mais acessíveis.

Como? Aumentando preços, o que desincentiva a compra do zero km. A consequência direta foi a supervalorização dos usados, que acabaram acompanhando as altas dos modelos novos e ganharam ainda mais destaque, visto que o modelo zero estava caro… e não existia à pronta entrega. Esse efeito chegou a impulsionar, entre janeiro a dezembro de 2021, a média de 23,5% de reajustes nos modelos seminovos (de 1 a 3 anos de uso).

Isso é o que sinalizou levantamento da start-up Mobiauto. Foram pesquisadas as cotações de ano-modelo 2013 até 2022, quando existiam, naturalmente, dos seguintes automóveis: Chevrolet Onix, Onix Plus e Tracker, Fiat Argo, Mobi, Strada e Toro, Hyundai HB20, HB20S e Creta, Jeep Renegade e Compass, Renault Kwid, Toyota Corolla, Corolla Cross e Hilux, VW Gol, T-Cross e Nivus.

A pesquisa levou em conta as cotações médias de todas as versões de cada modelo, em cada ano. E o fez em três etapas: agosto de 2021, março de 2022 e agosto de 2022. Somando-se as versões de todos esses carros, a pesquisa analisou preços de 600 automóveis, nos mais variados anos-modelos.

A partir dessa infinidade de dados, a pesquisa indicou :

1) O velho campeão está de volta – se é que ele esteve distante da cabeceira dos rankings alguma vez: as três primeiras posições da pesquisa colocam o VW Gol como o mais valorizado, embora essa virtude só ocorra nos modelos mais velhos (2013, 2016 e 2014, pela ordem);

2) A valorização dos usados e seminovos mais procurados do Brasil, de um ano pra cá, lembrando que os maiores aumentos de preços ocorreram no 1º semestre de 2021 e, portanto, escaparam desse recorte, foi de 5,91%, na média de todas as marcas e modelos;

3) Se o recorte for o do último semestre, isto é, de março para cá, já se observa depreciação média. Ela ainda é baixa percentualmente (0,66%), mas mostra viés de queda, o que tende a achatar mais as cotações de usados de agora em diante;

4) Na lista dos dez modelos mais valorizados neste último ano, você só encontra os principais best-sellers do segmento de usados: VW Gol, Fiat Mobi e Strada, Toyota Hilux e Hyundai HB20S. A despeito de o mercado ter apontado desvalorização, esses campeões de vendas valorizaram 2,11%. E são eles, portanto, que seguram a média de depreciação ainda em um valor baixo.

A conclusão é inequívoca: os carros usados vão cair de preço”, alerta Sant Clair Castro Jr., consultor automotivo e CEO da Mobiauto, que foi o responsável direto pelo levantamento executado pela equipe de dados da Mobiauto. “E cabe a nós advertirmos os consumidores: se você pensa em vender seu carro usado, faça isso logo. Os preços vão cair”, comenta.

Por Redação Na Boléia

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