Distribuição do diesel ainda causa instabilidade no transporte de cargas
Dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que, desde fevereiro do ano passado, o preço do diesel variou mais de 8%, o que equivale a um aumento de 50 centavos no S10 e 47 centavos no S500 (comum), combustíveis usados em caminhões e essenciais para o transporte rodoviário brasileiro.
Embora pareça um valor insignificante, faz muita diferença no bolso do consumidor e, com o grande uso do diesel nas empresas – que corresponde de 35% a 50% do custo de uma transportadora – essa alteração afeta diretamente o preço final. A coordenadora do Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC), Raquel Serini, esclarece que essa alteração acontece nas refinarias, mas não necessariamente nos postos de abastecimento.
“Apesar das reduções recentes nas refinarias, com a justificativa de buscar um equilíbrio dos preços da Petrobras em relação aos mercados nacional e internacional, na bomba a percepção é diferente, uma vez que as distribuidoras não repassam as quedas na mesma proporção que os aumentos na bomba”, explica a coordenadora.
Além disso, o retorno dos impostos federais (PIS/COFINS), anunciado pelo Ministério da Fazenda, prediz aumentos no mercado de combustíveis nos próximos meses. Ainda que a elevação do valor seja esperada, o óleo diesel continua sem incidência tributária até o final do ano, devido a medida provisória que o considera fundamental para o transporte da produção movimentada no país.
Raquel destaca a Guerra da Ucrânia como outro coeficiente de impacto e a breve expiração das reduções: “Essas quedas apresentadas recentemente não devem se sustentar por muito tempo. Também não podemos esquecer que a Guerra na Ucrânia impacta a transmissão de energia na Europa, interferindo de modo direto no mercado de combustíveis global”.
A instabilidade no preço dos combustíveis tem impacto nas transportadoras quando urge o remanejamento contínuo dos planejamentos e sua posição no mercado, o que, consequentemente, afeta a economia do país. Só em 2022, houve oito reajustes no preço do combustível – sendo quatro reduções e quatro aumentos – e Raquel explica que essa medida elevou os custos do transportes de cargas lotação em 10,63% na média geral, sacrificando mais as operações de longas distâncias.
“Mesmo com as recentes reduções aplicadas no início de 2023, não conseguimos equilibrar as contas e repassar aos tomadores de serviço na mesma velocidade a fim de estabelecer o equilíbrio dos negócios”, finaliza Serini.
Por Redação Na Boléia