1-rev18-03-2019-minCada vez mais, o setor caminha rumo ao transporte sustentável, buscando tecnologias e fontes de energia renováveis. Nesse sentido, o Brasil tem sido protagonista em vários campos, como na fabricação e o uso do biodiesel, um combustível composto de carbono neutro, de origem renovável e menos poluente.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), cerca de 70% do biodiesel produzido é feito de óleo de soja, 17% de gordura animal (sebo) e os demais de outras matérias-primas, como o óleo de cozinha usado e óleo de semente de algodão. Por ser renovável, o produto reduz a dependência do petróleo. Também é biodegradável, além de ajudar a diminuir as emissões de gases tóxicos e possuir uma boa lubrificação.

O Brasil já é um grande produtor de biodiesel, condição que vem gerando importantes benefícios para a economia. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com a União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), que analisou durante seis meses o impacto do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), revelou que, entre janeiro de 2005 a julho de 2010, com a produção local do biodiesel, o País evitou gastos de US$ 2,84 bilhões com importações de óleo diesel.

Como já estava previsto no Programa Nacional de Produção de Biodiesel (PNPB), em 2018, o Brasil aumentou novamente a mistura do biodiesel ao óleo diesel, que atualmente está 10% (B10). O objetivo desta medida é reduzir as importações de combustíveis de origem fóssil.

A adição do biodiesel é aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e ocorrerá até março de 2023. Nesse período, a proposta é aumentar a mistura de biodiesel em um ponto percentual, até que todo o biodiesel comercializado ao consumidor final conterá 15% de biodiesel.

Hoje, o Brasil importa apenas 20% do biodiesel e 10% do diesel consumido em transportes de cargas e passageiros, porém, este último ainda é o produto mais utilizado no País. O Brasil também fabrica e exporta o biodiesel para grandes nações da União Europeia, como a Alemanha, por exemplo.

“É uma grande oportunidade para toda a cadeia de produção – que por sinal é extensa – desde transporte, termoelétricas, agronegócios, entre outros. O uso do biodiesel nos processos produtivos é uma necessidade emergente. Dessa forma, reduziremos muito o efeito estufa no mundo e agregaremos mais valor em toda a cadeia”, comenta Federico Sakson, gerente de negócios para biodiesel da Camlin Fine Sciences (CFS) para América do Sul, fornecedora de antioxidantes e produtos químicos.

Gerando empregos e renda

De fato, o biodiesel tem um mercado bastante promissor no Brasil. Várias iniciativas estão sendo desenvolvidas, visando criar uma atividade sustentável em todas as esferas produtivas. De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), a frota de ônibus urbano no Brasil é de aproximadamente 107 mil veículos. Se toda a frota utilizasse o B20, o Brasil deixaria de emitir dois milhões de toneladas de CO2 por ano. “Outra vantagem é que os veículos não necessitam de alterações nos motores para utilizar o biocombustível”, ressalta Sakson.

Além de preservar o meio o ambiente, a produção de biodiesel é uma atividade que tem favorecido a geração de novos empregos e renda. De acordo com a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), somente nos primeiros quatro meses de 2018, foram criados mais de 23.500 mil empregos diretos no interior de São Paulo (Ribeirão Preto, Sertãozinho e Piracicaba) na indústria e comércio do setor.

Outro dado interessante é que na produção de biodiesel, em média 30% da matéria-prima tem origem na agricultura familiar. Em 2017, de acordo com a Ubrabio, foram movimentados no País cerca de R$ 4 bilhões com a comercialização de produtos vindos da agricultura familiar, que se faz presente no setor de biocombustíveis.

Conforme a Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), se as previsões de crescimento econômico e de maior uso de biodiesel forem mantidas no País, os investimentos no setor podem chegar a R$ 22 bilhões até 2030. Só no período entre 2016 e 2018, o biodiesel contribuiu com a geração de R$ 90 bilhões em Produto Interno Bruto (PIB), mais de 200 mil empregos e evitou a emissão de 20,4 milhões de CO2 na atmosfera.

Desafios

Sem dúvida, o cenário nacional nos próximos anos para produção do biodiesel é bastante positivo, mas o País também tem alguns desafios. Uma das preocupações da cadeia produtiva diz respeito à conservação do produto final, de modo a resistir ao tempo de estocagem sem se oxidar até chegar ao consumidor final.

Sakson, da Camlin Fine Sciences, explica que a estabilidade à oxidação é um parâmetro crítico que deve ser controlado periodicamente durante a produção e o armazenamento para evitar perdas econômicas, uma vez que o movimento do produto dentro das refinarias e a exposição ao oxigênio nas transferências e o bombeamento reduz o tempo de indução. Para garantir a estabilidade e qualidade do biodiesel, é essencial o emprego do antioxidante.

“Eles podem ser aplicados na forma líquida, para facilitar o manuseio e a dosagem, na linha de produção, ao fluxo de saída do processo, em biodiesel acabado ou em um tanque de agitação leve ou recirculação por bomba. Um detalhe importante é que proporcionam baixa viscosidade e estabilidade à baixa temperatura”, explica Sakson.

São produtos que não oferecem danos nos motores internos e combustíveis, porque são formulados com um sistema de solvente não inflamável e de baixa toxicidade, além do seu alto desempenho.

De acordo com as normas brasileiras e internacionais, o biodiesel deve suportar oito horas sob condições extremas de temperatura no teste de Rancimat. Caso não haja esta estabilidade, é imprescindível a aplicação do antioxidante.

Como é possível constatar, entre os diversos países que desenvolvem programas de produção e uso de biodiesel, o Brasil segue na frente como o que apresenta o maior potencial de sucesso. Vale lembrar que com a adição de 10% (B10), o Brasil já se consolidou como o segundo maior produtor e consumidor de biodiesel, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Por Editora Na Boléia.

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