3-1-02012019-minQuem nunca teve ou já ouviu falar de problemas mecânicos em veículos ocasionados pelo uso de combustível ruim? Na verdade, no passado, essa era uma queixa de muitos motoristas. No entanto, com a chegada de automóveis e caminhões cada vez mais tecnológicos, o Brasil tem avançado no que diz respeito à qualidade do combustível e à aplicação de testes mais rígidos para checagem desses produtos.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de um modo geral, os índices de combustíveis dentro dos padrões de qualidade vendidos no Brasil têm sido equivalentes aos de países de Primeiro Mundo, conforme vem sendo atestado na avaliação do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC) da entidade.

“De cinco anos para cá, tivemos grandes avanços na qualidade dos combustíveis (gasolina e diesel) com níveis de enxofre mais baixos, e o etanol com condutividade elétrica mais baixa também. E mesmo com a importação de 20% da demanda, a ANP se mobilizou para que o combustível importado tivesse a qualidade assegurada”, analisa Sergio Caetano de Souza, gestor da Filial Santos da Intertek do Brasil Inspeções, empresa que inspeciona a qualidade do diesel, gasolina e etanol importados conforme as resoluções da ANP.

Por outro lado, mesmo com os avanços, a adulteração é ainda um grande problema em nosso País, que depõe contra o setor. O programa da ANP visa justamente à implementação de ações de fiscalização e busca monitorar os postos de combustíveis de todo o País, por meio de critérios estatísticos de amostragem, cujo objetivo é estabelecer um índice de conformidade que represente o panorama representativo do mercado de combustíveis por estado. “Mas também é importante ter empresas capacitadas para análise completa de todos os combustíveis”, destaca Souza.

O executivo explica que para checar a qualidade dos combustíveis, a ANP criou resoluções específicas para cada produto: a Resolução 50/ 2013 para o diesel, a Resolução 40/ 2013 para a gasolina e a Resolução 19/2015 para o etanol. Todas elas podem ser facilmente acessadas pelo site da Agência. “Todo combustível em conformidade com estas resoluções é adequado para o consumo por parte da sociedade”, acrescenta.

Testes mais rígidos

Em relação aos testes para avaliação da qualidade dos combustíveis, Souza cita, no caso do diesel, análise do número de cetano, lubricidade, teor de enxofre, teor de água, aspecto, densidade, faixa de destilação, ponto de fulgor e condutividade elétrica.

Para a gasolina, os principais testes são Octanagem RON e MON, o índice antidetonante, período de indução, goma atual, teores de etanol e metanol, teste de aromáticos, olefinas e saturados.

Já no caso do etanol, os principais testes são teor alcoólico, densidade, teor de metanol, resíduo por evaporação, teores de sódio, ferro, cobre, cloretos e sulfatos e condutividade elétrica.

“A Intertek também está presente nos principais portos, com capacidade para recebimento de amostras para testes de qualidade em combustíveis. Temos atuado ainda em uma grande parte das distribuidoras, atestando a conformidade dos combustíveis que saem destas bases. Hoje, praticamente somente a ANP atua na fiscalização dos postos de combustíveis. Algumas redes de postos têm nos contratado também para análise de seus produtos e pontos de vendas”, revela o gestor.

Na verdade, é difícil para o motorista ter a certeza de que o combustível que ele está utilizando é de boa qualidade, ou seja, não esteja adulterado. Como cuidado básico, Souza recomenda observar o histórico das bandeiras de postos e verificar os controles visíveis em postos. “Etanol amarelo a incolor dentro da especificação de densidade; gasolina sem partículas e, em relação ao diesel, o vermelho é o S500 e o que vai de incolor a amarelado é o S10. Em caso de qualquer anormalidade, a ANP deve ser comunicada”, explica.

Futuro energético

A chegada de combustíveis alternativos no País, a exemplo do que já acontece no exterior, aliada ao avanço tecnológico dos veículos, coloca o Brasil na corrida pela redução de dependência de combustíveis fósseis. Com isso, novos produtos tendem a surgir, mas que também necessitarão ter sua qualidade sempre avaliada e fiscalizada.

“O futuro energético do Brasil passa por duas correntes: inovação, e nós já provamos que temos condições para isso, pois temos o etanol, hoje uma realidade, e o biodiesel, sendo que os investimentos estão sendo realizados na medida do possível para que outros combustíveis sejam incorporados; e a fiscalização, pois não adianta inovação se não tivermos uma fiscalização forte e atuante, a fim de que possamos usufruir de todos os avanços tecnológicos nesta área”, finaliza.

Cuidados na hora de abastecer

No caso do diesel, há também casos de adulteração com objetivo de fraudar o consumidor. As práticas mais comuns são adição de álcool, solventes, óleos vegetais, querosene e até mesmo pela adição de água.

Na verdade, utilizar combustível adulterado traz inúmeros prejuízos financeiros e ambientais, podendo interferir no funcionamento do motor e aumentar o consumo, além de provocar perda de performance, falhas na bomba de combustível e poluir mais.

Para os veículos movidos a diesel, os problemas aparecem instantaneamente, como entupimentos, perda de potência, corrosão etc. Diante disso, utilizar combustível mais barato e sem procedência pode trazer maiores gastos com manutenção e até a perda do motor.

As distribuidoras de petróleo dispõem de programas de controle dos produtos oferecidos nas redes credenciadas. Mas é sempre bom tomar alguns cuidados, principalmente porque com preços diferentes em cada estabelecimento, é importante tentar evitar produtos de origem duvidosa.

Seguem algumas dicas:

• Pesquise sempre os preços antes de entrar no posto para abastecer e não deixe de verificar se os valores no painel e na bomba estão iguais.

• Nem sempre combustível mais caro é garantia de produto de qualidade. Cheque a cor na bomba. O posto também deve informar claramente de onde vêm seus produtos.

• Busque um posto de confiança. Fale com amigos e outras pessoas e tente abastecer sempre no mesmo local, na medida do possível.

• Exija nota fiscal, pois é uma prova de que você usou o combustível daquele posto.

• Se tiver dúvida, você como consumidor tem o direito de pedir ao atendente ou dono do posto para retirar uma amostra de um litro de diesel, diretamente do tanque, e colocá-la em uma proveta ou recipiente transparente de vidro para verificar se há impurezas, como água ou materiais estranhos no combustível. Em caso de irregularidades, denunciar à ANP, pela Central de Atendimento 0800-970-0267.

Muitas vezes, devido à correria, deixamos de buscar nossos direitos. Mas se quisermos um País melhor, temos de começar a mudar nossas atitudes e criar o hábito de questionar e denunciar. Fique atento!

Por: Redação Na Boléia

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