REVISTA: Ford Caminhões cresce 25% em 2018
Com 12, 3% de participação no mercado brasileiro de caminhões, a Ford tem voltado suas atenções para atender às necessidades de um novo cliente, que, após a crise econômica, vem investindo de forma mais racional, buscando soluções em transporte que garantam mais produtividade e eficiência em suas operações.
O lançamento bem-sucedido da nova linha Cargo Power, e, mais recentemente, do modelo 3131 com segundo eixo direcional, é resultado desse posicionamento.
O fato é que disposta a oferecer ferramentas que facilitem cada vez mais a vida dos clientes, a montadora também tem focado em outras frentes, como no aprimoramento da rede de concessionários, bem como na criação de novas linhas de crédito com juros mais atrativos e menos burocracia na aprovação dos contratos.
A estratégia tem se mostrado assertiva: a Ford está fechando o ano com um crescimento de 25%, juntamente com a consolidação da nova Série Cargo Power, que traz tecnologias que estão caindo no gosto dos clientes, como o câmbio automatizado, que representa 80% das unidades vendidas da nova família.
Nesta entrevista, Oswaldo Ramos, gerente nacional de Vendas e Marketing da Ford Caminhões, revela como foi ano para a montadora e antecipa alguns dos próximos passos da empresa, que se prepara para uma nova fase do País e para atender às necessidades de um novo perfil de consumidor.
Revista Estrada Na Boléia – Em 2018, a economia não teve a retomada que todos esperavam, embora os indicadores para o mercado de caminhões devem fechar o ano em níveis um pouco melhores. Como está sendo 2018 para Ford e para o setor de caminhões, particularmente?
Oswaldo Ramos – De fato, 2018 tem sido muito positivo para a Ford Caminhões. No início do ano, com base em nossas avaliações, a Ford já tinha uma expectativa maior em relação ao volume de mercado como um todo.
Enquanto a maioria das projeções de empresas e associações apontava para um volume de 66 mil unidades vendidas em 2018, a empresa trabalhava com 74 mil.
E analisando o ano, percebemos que nossas previsões estavam corretas. Desde o início de 2018, a visão da empresa foi avaliar cada segmento individualmente, e nossa percepção era a de que a recuperação ocorreria em todos os setores.
No primeiro semestre, os extrapesados, impactados pelo agronegócio, apresentaram uma retomada em níveis muito bons, chegando a crescer, em alguns segmentos, mais de 80%.
Da mesma forma, os mercados de médios e leves também avançaram, não nos mesmos níveis, mas numa faixa de 25% a 30%, que é um resultado bom.
Ocorre que com a crise econômica, as empresas adiaram a renovação das frotas, criando uma demanda reprimida. Em contrapartida, por mais que o empresário esteja cauteloso para fazer a troca dos veículos, em algum momento ele terá de realizar esse investimento, uma vez que os caminhões começam a apresentar maior desgaste e menor disponibilidade.
Portanto, o setor deve fechar 2018 com um volume de 74 mil unidades, que é um resultado acima do esperado.
A Ford, particularmente, faz um balanço positivo de 2018. Voltamos a vender os modelos 6×4 no segundo semestre, que estavam com um giro de estoque muito baixo.
Dessa forma, vamos encerrar 2018 com um crescimento da ordem de 25% sobre o ano anterior.
Considerando que há segmentos em que não estamos presente, esse volume de crescimento é muito importante num momento de desaceleração econômica e também muito animador.
A Ford lançou, o primeiro semestre, a nova família Cargo Power 2019 e, recentemente, o Cargo 8×2 de 29 toneladas com segundo eixo direcional. Como está a performance da nova linha?
Estamos muito satisfeitos com os resultados da nova família. O fato é que, com a crise, temos hoje um novo perfil de clientes. Aquele empresário que tinha acesso ao crédito fácil e a taxas subsidiadas e decidia adquirir um caminhão até porque era vantajoso para seu fluxo de caixa, hoje está muito mais racional.
As mudanças nos programas de incentivo do Governo e as dificuldades do próprio setor fizeram com que esses clientes criassem novos hábitos. Hoje, esses empresários fazem muito mais conta e buscam produtividade e otimização de custos.
Diante disso, nosso foco é atender às necessidades desses clientes e desenvolver soluções e ferramentas que aumentem a produtividade e eficiência dos veículos.
Todos os lançamentos apresentados até o momento, e os que ainda virão, seguem esse apelo. E, felizmente, temos acertado. Neste último trimestre, aumentamos a produção de toda a linha Cargo, inclusive da versão 8×2. O mais interessante é que os modelos mais vendidos são os top de linha, ou seja, os que possuem transmissão automatizada. No modelo 3131, que é o recente lançamento, as versões automatizadas já chegam a 80% das unidades vendidas.
O objetivo é continuarmos nesse caminho, ampliando a linha e criando ferramentas para agregar mais valor para o cliente.
Em setembro último, aconteceu o Salão Internacional de Veículos Comerciais, na Alemanha, que a Ford esteve presente. O que você destaca nesta edição que pode ser viável para aplicação no mercado brasileiro em um curto espaço de tempo?
No IAA, percebemos que a indústria mundial está investindo cada vez mais em tecnologia. No Brasil, falamos de inovações, como o câmbio automatizado e outras, que estão apenas começando por aqui. Na Europa, praticamente, não existem mais caminhões de câmbio manual.
Também foi possível verificar que o desenvolvimento de veículos elétricos e autônomos é uma tendência que veio para ficar na Europa e que também já desponta no Brasil. Não sabemos exatamente quando tais tecnologias vão se consolidar de fato por aqui, mas são produtos que serão aplicados dentro de alguns anos nas operações de transporte do Brasil.
Obviamente, o mercado tem desafios, como a questão das baterias, que para operação urbana, atenderão bem, mas para a rodoviária há a questão da rede de abastecimento, autonomia, descarte, entre outros.
Em relação aos autônomos, uso é ainda restrito e será preciso outros desenvolvimentos para torná-los viáveis no Brasil.
Outra tendência que conseguimos identificar no IAA é que as tecnologias de assistência ao motorista, que aumentam a produtividade da frota, estão também em alta. A própria Ford Trucks apresentou o F-Max, modelo que será produzido na Turquia, mas ainda não tem previsão de chegada no Brasil, e integra o que há de mais novo em tecnologia para ajudar o motorista a tornar sua condução mais eficiente.
Durante o Salão também foi possível perceber a discussão em relação à chegada de novos conceitos que envolvem a atividade de distribuição de produtos e abastecimento nas grandes cidades, o que chamamos de last mile (última milha).
No segmento dos transportes, significa o último processo na etapa de entrega de uma mercadoria. Esse novo cenário favorecerá a consolidação de tecnologias, como eletrificação e desenvolvimento de combustíveis alternativos. Tudo isso visando uma logística mais competente para os clientes e cidades e custos menores para essa operação.
A Ford está atenta a todas essas movimentações. Mas são projetos confidenciais, que divulgaremos oportunamente.
Com a crise, muitas concessionárias fecharam. Como a Ford está trabalhando do ponto de vista de marketing para manter esses canais abertos?
Diante da crise, é inevitável que alguns grupos não consigam se manter. O que aconteceu é que houve uma seleção natural na rede, o que foi positivo, pois permaneceram somente os melhores grupos que atuavam com expertise e profissionalismo.
Anteriormente, contávamos com 110 lojas administradas por 70 grupos. Hoje, continuamos com as 110 lojas, porém, temos 45 grupos à frente desses estabelecimentos. Portanto, mantemos a capilaridade e, ao mesmo tempo, melhoramos o nível de atendimento.
Em marketing, também mudamos a comunicação com o mercado. Com a consolidação dos canais digitais, temos investindo fortemente no meio digital e conseguimos aumentar a eficiência de nossa comunicação com custos menores.
A verdade é que hoje a comunicação está muito mais pulverizada. As redes sociais permitem uma aproximação muito grande com cliente e o mercado. Temos de estar preparados para atender todos os clientes.
Hoje, os caminhões estão mais tecnológicos. Como o Brasil vem avançado na qualificação da mão de obra para conduzir esses veículos? A Ford tem programas de treinamento de motoristas?
Os clientes querem tecnologias que ajude o motorista no dia a dia. Portanto, as ferramentas que chamamos de assistência ao motorista têm tido cada vez mais aceitação.
São inovações que os auxiliam na condução, para obtenção de mais eficiência, menor consumo de combustível, redução de custos, ou seja, agregam mais valor ao seu negócio.
Já acerca de treinamentos, a Ford está desenvolvendo um programa voltado para maior qualificação do motorista. E isso é possível porque já temos a telemetria, recurso que possibilita identificar quais motoristas estão dirigindo com eficiência e os que apresentam pontos que podem ser melhorados. Dessa forma, conseguimos montar um programa de reciclagem com abordagens específicas e customizadas.
Por meio de uma parceria com o Instituto Parar, que desenvolve programas de treinamento para segurança nas estradas, estamos finalizando a elaboração desse projeto, que será ministrado de forma customizada para os motoristas. Estamos em fase de finalização do software e, no próximo ano, deveremos apresentar mais esse serviço ao mercado.
Quais são os planos da Ford para o próximo ano? Há previsão de mais lançamentos?
A Ford trabalha para 2019 com uma projeção de crescimento em torno de 20% a 25%. Temos uma projeção de vendas para o mercado da ordem de 90 mil unidades no próximo ano. Portanto, estamos otimistas, independentemente do cenário político-econômico, e acreditamos em uma recuperação mais consistente.
O objetivo é continuar criando soluções de crédito com taxas mais atrativas em conjunto com nosso banco, como o CDC, bem como o aprimoramento de nossos produtos. Em 2019, teremos a Fenatran, que é sempre um marco importante para o segmento. Certamente, teremos novidades para a feira. Consideramos a Fenatran 2019 como um divisor de águas para o setor, que deve entrar em um patamar normal de consumo com clientes exigentes, mais esclarecidos e que buscam por tecnologias que façam suas operações mais eficientes, sustentáveis e rentáveis.
Por: Redação Na Boléia