foto Rachid Waqued
Fotos: Rachid Waqued

As mulheres estão cada vez mais presentes em atividades que até bem pouco tempo atrás eram exercidas predominantemente por homens. E isso vem acontecendo em várias áreas.
Na CCR MSVia, dos cerca de 770 colaboradores que atuam em Mato Grosso do Sul, mais de 300 são mulheres, ou seja, quase 40%. Elas desempenham funções que em geral são realizadas pelos homens e mostram que, determinação e dedicação valem muito mais que gênero ou idade, para o reconhecimento dentro de uma grande empresa.

Prova disso é a coordenadora de arrecadação do trecho centro-norte da BR-163/MS Valquíria Mariza Ritter. Natural de Eldorado (MS), ela iniciou na Concessionária em 2015 como liderança na praça de pedágio de Mundo Novo e dois anos depois já coordenava todas as equipes de arrecadação desde Anhanduí até Sonora. A história dela na empresa já tinha começado antes mesmo do processo seletivo. “Havia participado de uma ação promovida pela Concessionária em Dourados. Fazia aula em uma escola de cabeleireiros que fez parceria para participar do evento e fui. Quem diria que um tempo depois eu estaria do outro lado como colaboradora”, conta. Quem a incentivou foi sua irmã, que já atuava no Atendimento Pré-Hospitalar (APH), do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU). Do processo seletivo até hoje, foi um desafio atrás do outro.

Hoje, a ‘destemida’ Val, como é chamada pelas equipes que lidera, é um espelho para quem almeja chegar mais longe no grupo. “Minha referência sempre foi a Lilian, que me ensinou muito a dar sempre o meu melhor e trabalhar feliz”, afirma. A Lilian a que ela se refere é a paulista Lilian da Costa Acar, que atua no grupo CCR há quase 20 anos.

Degiane
Degiane

A implantação da MSVia trouxe um novo caminho para sua vida. “Vim um pouco antes para Campo Grande para conhecer o trecho, e depois fui para Dourados. Foi difícil deixar toda a família em SP. Meu marido mora comigo, mas meu filho único, continua em SP. Mesmo assim, amo o que faço e procuro passar sempre bom humor, harmonia e humildade”.

Suas histórias comprovam o amor pelo trabalho e pelas pessoas. Em um dos acidentes que atendeu, sua calma e tranquilidade fizeram a diferença. A vítima de um acidente com capotamento estava prestes a se casar e muitos dos materiais da cerimônia estavam no carro. Lilian a acalmou e começou a tirar as coisas de dentro do veículo. “Tempos depois ela me mandou mensagens agradecendo por tudo que fiz. O que ela mais precisava era conversar com alguém”, finaliza.

A Elenir Almeida Rosa também já está acostumada a interagir com o público. Aliás, o sonho dela sempre foi dirigir e na CCR. Atualmente, é responsável pela direção da viatura de inspeção, que monitora a BR-163/MS 24 horas, todos os dias, e pelo guincho leve. Seu primeiro emprego foi de motorista. Já dirigiu van, ônibus circular, caminhão, guincho e agora está tirando a habilitação de categoria E para poder trabalhar no guincho pesado. “Serei a primeira mulher da CCR MSVia a guiar esse tipo de viatura”, destaca Elenir.

Sua rotina parece fácil mas é repleta de adversidades. “Não são poucos os usuários que estranham ver uma mulher em um guincho para fazer o atendimento. Um motorista chegou a me perguntar se eu daria conta do serviço. Depois, ficou admirado e me elogiou”.

A vida atrás do volante passou de geração e o filho também seguiu seus passos. Ademar tem 24 anos e trabalha desde os 18 no ramo de transportes. “Ele está seguindo a mesma ordem que fiz, primeiro com ônibus e agora carreteiro. Eu queria que ele fizesse uma faculdade, mas tenho muito orgulho dele por exercer essa profissão”.

Sobre o desafio de ser mulher em sua profissão, aconselha: “é preciso ter autoconfiança e trabalhar com empenho. Muitas mulheres já colocam obstáculo antes mesmo de tentarem. É simples, se o homem consegue, é claro que a mulher também vai conseguir!”.

Elenir
Elenir

A rio-verdense Degiane de Souza Silva também reforça esse ponto. Colaboradora da CCR MSVia desde o início da concessão em 2014, começou como supervisora administrativa de conserva no trecho norte e hoje é engenheira civil e coordenadora de conservação do trecho norte da rodovia. No começo foi bem difícil conquistar o respeito e reconhecimento dos homens. “Uma vez fui fazer uma verificação em uma obra e estava descendo por uma drenagem e todo mundo me olhando como se nunca tivessem visto uma mulher descer em uma drenagem”, conta sorrindo, “no que eu respondi ‘agora vocês vão ver muito’”.

Para ela, são muitos os paradigmas que precisam ser quebrados pelas mulheres para mostrarem que elas são, sim, capazes de realizar as mesmas tarefas que os homens. “Temos uma visão diferente, somos mais detalhistas, e isso é essencial na função que exerço, pois precisamos levantar os problemas e achar soluções para tornar a rodovia mais segura”. Ela tem o apoio do marido, primordial para renovar sua coragem.

Nascida em Pedro Juan Caballero, cidade do Paraguai que faz fronteira com o Brasil, a agente administrativa Elisângela Paulina Loureiro Valiente é exemplo de determinação e força de vontade. Com 28 anos ela é a filha do meio de três irmãs. Amante dos esportes, Elisângela é portadora de uma síndrome chamada artrogripose múltipla congênita, ‘prima’ da poliomielite, e desde seu nascimento está na cadeira de rodas.

Isso não a impediu de superar limites. Começou na natação aos 9 anos, no basquete aos 11 e chegou a praticar arremesso de peso, dardo e disco, esporte que a projetou para a seleção brasileira juvenil paralímpica em 2008. Não bastasse, ela ainda praticou canoagem por hobby. Em uma competição em New Jersey, nos Estados Unidos, ficou em quarto lugar.
Começou a trabalhar voluntariamente com políticas públicas voltadas para a saúde da mulher com deficiência e chegou a atuar como modelo fotográfica, o que faz até hoje. Ao mesmo tempo, ela trabalha como assistente administrativa na área de tecnologia da informação na MSVia. “Emprego para pessoa com deficiência tem, o que não tem são empresas com acessibilidade. Quando a gente fala sobre isso as pessoas pensam que é só uma rampa e um banheiro adaptado. É muito mais do que isso”, enumera.

Mas para ela, a deficiência nunca foi motivo de desculpas, muito pelo contrário. “Ser mulher hoje em dia no Brasil é muito difícil. Ser mulher e ter uma deficiência é mais difícil ainda. Busque o empoderamento dentro de você. A partir do momento em que a gente se aceita e se empodera, conseguimos tudo o que nós queremos. A limitação não está na nossa deficiência, está na nossa cabeça”, aconselha.

Elisangela
Elisangela
Lilian
Lilian
Valquiria
Valquiria

Por: Redação Na Boléia

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