Ônibus e caminhões representam apenas de 4% da frota nacional, mas, juntos, provocaram 51,5% (1.499) de todas as mortes nas rodovias federais brasileiras no primeiro semestre de 2024.

Segundo levantamento da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), feito com base em dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), esses veículos foram responsáveis por mais de um quarto do número de sinistros e de feridos no período, respectivamente, 27,6% (9.722) e 27% (10.975).

Nos seis primeiros meses deste ano, 2.908 pessoas morreram em 35.166 sinistros que deixaram 40.518 feridos. O número de mortos cresceu 9% em relação ao mesmo período de 2023 e o de sinistros e feridos aumentou 8%. “Em vez de reduzir a violência viária, estamos assistindo, inertes, ao aumento das mortes e feridos nesses eventos evitáveis. O retrocesso iniciado em 2018 está mostrando seus resultados agora, mas precisamos agir rapidamente para reverter esse cenário”, afirma o diretor científico da Ammetra, Alysson Coimbra.

Diferença entre motoristas comuns e profissionais

O especialista ressalta a urgência em rever a flexibilização do Código de Trânsito Brasileiro, que equiparou motoristas profissionais a condutores comuns, ao estabelecer um prazo de validade de 10 anos para todas as CNHs. “Isso é problemático porque motoristas profissionais, que passam mais tempo dirigindo, estão mais expostos a riscos. Esses veículos têm um potencial de destruição maior que os demais, por isso a categoria tem algumas regras mais rígidas, como a realização de exames toxicológicos e a avaliação psicológica a cada renovação”, comenta.

Drogas aumentam risco de acidente

O problema, diz o especialista em trânsito, é que em 10 anos as condições de saúde física e mental desses condutores pode deteriorar rapidamente, ampliando os riscos de sinistros e mortes. “Um levantamento recente mostrou que o número de brasileiros com restrições na CNH por problemas de visão aumentou quase 80% ao longo dos últimos 10 anos. Isso sem contar o crescimento gradual dos transtornos de saúde mental que colocam os brasileiros no topo do ranking dos países mais ansiosos e deprimidos do mundo”, acrescenta.

Pesquisa feita pela Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (Codemat) revelou que metade dos caminhoneiros que se submetem a jornadas de trabalho superiores a 16 horas por dia recorre ao uso de drogas. Cerca de 17% dos condutores que trabalham de 4 a 8 horas por dia usam drogas. O número salta para 50% entre aqueles cujas jornadas ultrapassam 16 horas.

Alysson Coimbra reforça que o aumento do limite de pontos na CNH para os motoristas profissionais favorece infratores. “Isso não traz qualquer melhoria para a segurança no trânsito, pelo contrário, estimula comportamentos infracionais, o que é especialmente perigoso quando falamos de motoristas exaustos, com jornadas extensas, conduzindo veículos pesados e muitas vezes sob efeito substâncias ilegais”, comenta.

Por Redação Na Boléia

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