Kombi: 60 anos no Brasil e tem retorno anunciado
Velha senhora, guerreira, corujinha, jarrinha, pão de forma, kombosa e até perua. O que não faltam são apelidos carinhosos para homenagear a Kombi, que comemorou, em 2 de setembro, 60 anos no Brasil. Os nomes são muitos, mas a paixão pelo utilitário é a mesma entre os fãs e não para de crescer. No sistema do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran.SP) constam 387.436 veículos do modelo registrados.
O clássico da Volkswagen começou a ser produzido no país em 1957 e para a tristeza dos fãs deixou de ser fabricado em dezembro de 2013. Mas há uma boa notícia para os kombimaníacos: a montadora prevê o retorno da Kombi em 2020 em uma nova versão que promete inovar a fachada e os faróis traseiros, bem como estará disponível em modelos híbridos e elétricos, conforme anunciou o presidente da marca, Herbert Diess, ao site inglês Auto Express.
Além de preservar a história da Kombi, a reformulação e retorno do veículo trará principalmente mais segurança aos condutores. “Essa é uma boa notícia que deve ser comemorada por todos nós, pois teremos de volta uma paixão nacional totalmente reformulada e com itens de segurança que irão preservar a integridade dos motoristas e do trânsito”, considera o diretor-presidente do Detran.SP, Maxwell Vieira.
O presidente do clube da Kombi, Eduardo Gedrait, conta que essa comemoração é uma homenagem para o veículo que sempre prestou serviço à sociedade. “Ela desperta uma nostalgia, principalmente para quem tem mais de 30 anos e já andou ou viu muitas delas rodando por aí”, acrescenta.
Segundo ele, a Kombi foi o primeiro veículo a ser produzido pela Volkswagen no Brasil, antes mesmo do Fusca. Para Gedrait, essa longevidade do modelo no país se deve à popularidade e versatilidade que o carro propõe. “Trata-se de um veículo sem luxo nenhum, mas eficiente e de fácil manutenção, com capacidade de carga para transportar mercadorias ou pessoas”, fala o presidente-fã, destacando o recente “boom” de Kombis que aderiram ao movimento de comida de rua, como os food trucks.
Seja para carregar frutas na feira ou servir de atração para animar uma balada, a Kombi continua mostrando sua versatilidade para agradar e servir a todos os gostos. Caso este do empresário Pieter Den Hartog Júnior, de 23 anos. A paixão pelo utilitário começou desde criança e se tornou realidade aos 18, quando ele comprou sua primeira Kombi modelo Stardard. “Eu quis ter uma Kombi, pois além dela servir para trabalhar e passear ela representa um lado cultural que me chama a atenção, como sua ligação com o movimento Hippie na década de 1970”, destaca.
Atualmente, ele conta com dois modelos em casa. Uma das Kombis o jovem empresário usa para animar festas e baladas com o projeto “In the Kombi”. Com equipamentos de som, luzes e uma mesa adaptada para DJ, o veículo estacionado se transforma em uma balada sobre quatro rodas. “Somos convidados para festas em condomínios e até encontros de carros”, diz.
Para viajar
Prestes a completar 60 anos, a Kombi Turismo do comerciante José Ricardo de Oliveira já faz parte da história do automobilismo do Brasil. O veículo estilo corujinha nas cores cinza claro e cinza escuro esteve presente no primeiro Salão Internacional do Automóvel de São Paulo em 1960 e, no ano passado, voltou a ser exposta no evento após ser restaurada.
Antes de adquirir o veículo em 2015, Oliveira conta que o modelo pertenceu à mesma família desde 1960 quando foi comprada durante o Salão do Automóvel. “Era equipada para viagens longas, mas estava parada há muito tempo. Tive o privilégio de ser o segundo dono e levar esse legado adiante”, destaca.
Diferente das Kombis tradicionais, o modelo turismo ou dormitório possui acessórios que ofereciam conforto e praticidade aos viajantes. Nela, há mobiliário de madeira, sofá, pia, cortinas, toca discos, cadeiras, toldo e bagageiro sobre a fuselagem. “Passei um ano e meio trabalhando no restauro dela, respeitando os materiais dos móveis e as cores originais”, comenta o proprietário.
Para ele, o lançamento da nova Kombi – previsto para 2020 – deve agregar na história do utilitário e instigar as novas gerações a saberem a origem do modelo repaginado. “Fico feliz em saber que meus filhos saberão de onde veio a Kombi”, completa Oliveira.
Integrante da família
O amor pela Kombi surgiu de uma maneira inesperada na vida do autônomo Eduardo Turati. Há vinte anos ele ficou desempregado e viu na Kombi uma oportunidade de vender produtos de limpeza e fazer transportes de cargas para ganhar dinheiro. “Eu assumi a Kombi que era do meu sogro, que não poderia mais continuar com os gastos, e desde então ela nunca mais saiu da minha vida”, relata.
Em 2010, Turati comprou uma modelo zero km para ampliar seu negócio de vendas. De tanto amor pela Kombi, ele a batizou com o nome “Laurinda”, em homenagem à sua avó. “Quem me conhece sabe que eu tenho muito zelo por ela. Vivo limpando e trato como se fosse da família”, comenta.
Além de parceira de trabalho, a “Laurinda” também tem ajudado na vida pessoal de Turati. “Ela é meu ganha pão e diversão. Depois do falecimento da minha esposa, tenho participado de vários encontros de Kombis e isso me ajudou a não entrar em depressão”, diz.
Você sabia?
A produção do modelo teve início na Alemanha em 1950 e sete anos depois foram fabricadas as primeiras unidades brasileiras, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, com motor de 1.200 cm³ de cilindrada.
O modelo deixou de ser produzido devido à exigência federal, em vigor desde janeiro de 2014, de que todos os veículos fabricados desde então sejam equipados com airbag e freios ABS, itens de que a veterana não dispunha.
A última Kombi produzida em São Bernardo do Campo/SP está no museu de veículos comerciais do Grupo Volkswagen, na cidade alemã de Hannover.
Por: Redação Na Boléia