Carros autônomos: a corrida das montadoras
Ter um carro que praticamente roda sozinho, permitindo que o motorista possa descansar, ler um livro ou assistir a vídeos enquanto está no caos dos congestionamentos. Parece algo muito futurista? Pois é, saiba que essa inovação está sendo desenvolvida e, brevemente, poderá estar disponível. São os veículos guiados por piloto automático ou veículos autônomos, que estão causando uma corrida entre as grandes montadoras para ver quem consegue produzir o primeiro modelo totalmente seguro e confiável para os grandes mercados consumidores. Mas, afinal quais são os prós e os contras sobre essa revolução da indústria automobilística?
Veículo autônomo é, literalmente, o carro que dirige sozinho. Isso é possível devido ao sistema de computadores que interpretam dados enviados por radares e sensores. Eles detectam, por exemplo, o trânsito ao redor e obstáculos na via, além de determinarem o caminho a ser seguido e a velocidade. Atualmente, algumas montadoras possuem modelos com opcionais que simplificam e reduzem a intervenção de motoristas em algumas manobras, como assistente de estacionamento e frenagem automática. Além disso, há modelos semiautônomos. No Brasil, por exemplo, é vendido o Volvo XC90, que praticamente dirige sozinho até a velocidade de 50 km/h. O custo é de cerca de R$ 320 mil.
Mas grandes empresas já anunciaram que deverão lançar veículos totalmente autônomos já na próxima década. A Volvo está investindo no modelo com a meta de zero mortes em seus veículos até 2020. A alemã BMW pretende produzir o seu até 2021. Empresas de tecnologia, como a Google, também estão entre os desenvolvedores. E há casos em que fabricantes de veículos e companhias da área tecnológica estão trabalhando juntas, como a parceria da BMW com a Intel e a Mobileye, especialista em sistemas que auxiliam o condutor. Para o transporte de cargas, a Mercedes-Benz já testou um caminhão autônomo em uma estrada na Alemanha, atingindo até 80 km/h. A fabricante de motos Yamaha, por sua vez, está desenvolvendo uma “moto-robô”, para enfrentar o piloto italiano Valentino Rossi, para ver quem é mais rápido na pista.
Estudo produzido pelo The Boston Consulting Group em parceria com o World Economic Forum avaliou os impactos da presença de carros autônomos em ambientes urbanos. De acordo com o levantamento, a popularização desses modelos resultaria em 60% menos carros nas ruas (adotando-se a ideia de compartilhamento), o que reduziria os congestionamentos e geraria outro grande impacto: diminuição de 90% no número de acidentes entre veículos e de 80% na emissão de gases poluentes. “É um futuro que vai chegar, em algum momento. Já existem vários componentes do carro autônomo à disposição que facilitam a vida do motorista e isso irá ajudar a diminuir o número de acidentes”, diz Nilton Monteiro, diretor-executivo da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).
Porém, o início da comercialização em larga escala desses veículos não depende apenas da tecnologia, mas sim de uma legislação específica para o assunto, além da adequação da infraestrutura das cidades. “Nenhum lugar no mundo está preparado, ainda, para receber os veículos autônomos. O conceito que vem sendo empregado hoje em dia é o de que o veículo tem que entender as situações que estão acontecendo para que ele possa reagir. Porém, O paradigma mais adequado seria a preparação da infraestrutura das nossas rodovias e estradas para que os veículos possam fazer a leitura do trânsito”, explica Thiago Ramos, diretor do Escritório de Representação da CNT (Confederação Nacional do Transporte) na Alemanha, especialista em desenvolvimento industrial e inovação. Nilton Monteiro reforça: “No Brasil, é uma realidade ainda distante, devido à inadequação de nossas vias e estradas”.
Além disso, muitos testes ainda devem ser feitos para garantir as respostas adequadas dos sistemas computadorizados às diferentes situações que existem no trânsito. Em julho, por exemplo, uma pessoa morreu em um acidente envolvendo um carro semiautônomo nos Estados Unidos. A montadora Tesla, fabricante do modelo, alegou que o problema ocorreu porque o sistema do automóvel confundiu o brilho da carroceria de um caminhão com o brilho do céu, fazendo com que o sistema não acionasse os freios. Atualmente, além dos Estados Unidos, Japão e Suécia já permitem testes com carros autônomos em ruas e estradas, desde que haja uma pessoa dentro do veículo que possa assumir o controle, se necessário.
Fonte: CNT
Por: Redação Na Boléia