É fato que os avanços em testes e simulações no segmento da mobilidade têm sido impulsionados rapidamente em hardware, em software e em infraestrutura de transmissão de dados. A utilização intensiva de simulação e testes é hoje uma realidade indispensável na rotina de projeto das empresas.

Entretanto, nesse momento de transição em que a mobilidade elétrica se desenha como tendência global, novos desafios surgem exponencialmente multiplicados em volume, grau de complexidade e diversidade em áreas de conhecimento envolvidas.

Entre eles destacaria os desafios da dinâmica veicular, devido a diferentes configurações de massa dos veículos, ruídos e vibrações, assim como as simulações de motores elétricos com múltiplas físicas, desenvolvimentos de modelos matemáticos do veículo completo, estudo de transmissões, entre outros, sempre com o foco em durabilidade e desempenho.

Não admira que o cenário seja tão desafiador. A urgência na redução da taxa de emissão de CO2, seu impacto nos Gases de Efeito Estufa (GEE) e, consequentemente, nas economias, se impõe especialmente na mobilidade. A celeridade da inovação tecnológica se tornou mais que imprescindível. Essa causa tem unido empresas, institutos de pesquisa e universidades no aprimoramento de tecnologias existentes e desenvolvimento de novas.

A partir desse movimento verificamos avanços na modelagem matemática de problemas de múltiplas-físicas, machine learning e digital twin, evolução em processos de aquisição de dados experimentais, leituras óticas, testes não destrutivos e processamento de dados experimentais em tempo real para gerenciamento do desempenho de componentes e veículos.

Disso tudo a certeza é a de que testes e simulações se tornarão cada vez mais integrados, visando a diminuir o tempo e custo de desenvolvimento de sistemas e veículos. Vista apenas como indicador de tendências num passado não tão distante, a simulação se mostra capaz de substituir alguns testes no processo de validação de veículos. E os testes tendem a ser não só um processo para a validação, mas fonte para a criação de bancos de dados que, integrados aos modelos matemáticos, podem servir para calibrá-los e aprimorá-los.

É provável que testes de validação se reduzam em quantidade, mas terão cada vez mais elevada complexidade de instrumentação, melhoria de aquisição e processamento de dados. Em contrapartida os testes usados em fases de desenvolvimentos tecnológico de base, como caracterização e desenvolvimentos de materiais, tendem a crescer em sofisticação, integrados a modelos matemáticos. A inteligência artificial pode ser uma poderosa aliada para ambas as áreas e em uma eventual fusão entre elas.

Na era da eletrificação a tendência no Brasil é seguir o resto do mundo. Aumentar drasticamente a virtualização e automação de todo e qualquer desenvolvimento de produto e processo. Diretamente associado à competitividade, o uso intensivo de simulações no desenvolvimento de produtos, dos componentes ao veículo completo, se explica pela excelência na qualidade e redução substancial de custos e tempo. Esses e outros aspectos serão discutidos por especialistas no 19º Simpósio SAE BRASIL de Testes e Simulações.


Estela Bueno dirige o 19º Simpósio SAE BRASIL de Testes e Simulações (que acontece até dia 22 de setembro) e é líder do time de Simulação Numérica da Mahle Metal Leve S.A.

Por Redação Na Boléia

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