Setor de caminhões: as possibilidades para um futuro mais sustentável
Conforme o relatório Trucking into a greener future, divulgado recentemente por um consórcio de partes interessadas dos setores de energia, caminhões e sociedade civil, convocado pela European Climate Foundation, fazer a transição para o transporte rodoviário de carbono zero cortaria as importações de petróleo em 1 bilhão de barris equivalentes até 2030, fortaleceria o PIB da Europa, criaria cerca de 120.000 empregos adicionais em toda a economia do bloco e poderia até reduzir o preço do frete rodoviário.
Na verdade, segundo o relatório, a transição da União Europeia para a mobilidade limpa já está acontecendo, mas precisará incluir os veículos pesados, que respondem por 22% das emissões dos transportes rodoviários do bloco, embora representem menos de 5% dos veículos na estrada. A Comissão Europeia estimou que as emissões de CO2 dos veículos pesados crescerão 10% até 2030 e 14% até 2040 em comparação com 2015, a menos que os padrões de eficiência de combustível sejam implementados após 2021. Este é um dos subsetores da indústria de transportes com as emissões de CO2 de maior crescimento e uso de combustível. Como tal, tem uma contribuição fundamental para a descarbonização da economia europeia, se a Europa quiser cumprir os seus compromissos sob do Acordo de Paris.
De acordo com o estudo, as melhorias esperadas na eficiência dos motores a diesel podem trazer reduções nos próximos 5 a 10 anos, totalizando uma queda de 30% no CO2 por quilômetro pelo final da década de 2020. Além de 2030, somente veículos elétricos ou de célula de combustível reduzirão significativamente as emissões. A redução virá das mudanças esperadas na forma como a energia é produzida e da importância crescente das fontes renováveis e livres de carbono.
“As tecnologias de emissões zero estão evoluindo rapidamente e, como mostra este estudo, podem se tornar extremamente competitivas em custo dentro de alguns anos. As empresas e os políticos precisarão decidir se estão investindo seu capital político e financeiro no legado do diesel, ou se farão parte dessa nova corrida global de tecnologia”, destaca Pete Harrison, Diretor do Programa de Transporte da European Climate Foundation.
Zerar emissões terá impactos positivos sobre o custo global dos serviços de transporte rodoviário de mercadorias: a introdução gradual de tecnologias de eficiência de combustível e sistemas de propulsão elétricos e movidos a hidrogênio aumentará os custos iniciais de capital para os transportadores, mas isso será rapidamente compensado por menores gastos com diesel, reduzindo custo dos serviços de frete rodoviário. Mesmo para sistemas avançados, como veículos elétricos a bateria (BEVs) e veículos elétricos a células de combustível (FCEVs), o custo total de propriedade (TCO) pode ser muito competitivo em comparação com veículos a diesel com mais de 5 anos.
A análise revela a necessidade de gastos com novas infraestruturas energéticas – um montante acumulado entre € 80 bilhões e € 140 bilhões até 2050, dependendo do caminho seguido. Haverá também uma mudança nas habilidades necessárias para a fabricação de caminhões ZEV e a energia necessária para alimentá-los. Isso destaca a necessidade de investir em treinamento ou re-treinamento nos setores de combustíveis e automotivo.
Como as instituições da UE estão atualmente debatendo uma proposta para os primeiros padrões de economia de combustível para novos caminhões, os formuladores de políticas nacionais e europeus devem começar a apoiar políticas voltadas para o futuro para ajudar a reduzir os riscos dos investimentos dos transportadores e apoiar uma transição bem-sucedida para tecnologias de emissão zero.
Por: Redação Na Boléia