Pesquisa mostra recuperação do setor, mas ainda muito aquém do esperado
Apesar de saberem da importância de cuidar da saúde, os caminhoneiros continuam sendo negligentes. Ter uma saúde em dia garante não só mais rendimento e produtividade como uma viagem mais segura
Apesar de dar sinais de recuperação, a economia brasileira ainda não entrou no ritmo que todo mundo esperava. O ano de 2018 não trouxe o alento para amenizar as perdas do segmento, provocadas por um das maiores crises da história do País, que vem castigando as empresas desde 2014. Em 2016, o transporte foi o que mais sofreu, registrando queda de 6,8%.
Em 2017, mais dificuldades, mas o setor transportador conseguiu crescer 2,3% no volume de serviços e de 8,7% na receita nominal. Por ouro lado, embora positivo, esse resultado não compensou as severas perdas registradas no período de recessão.
O fato é que com uma crise tão avassaladora, a recuperação acaba sendo lenta e mais difícil. E para dificultar ainda mais, o Brasil continua necessitando urgente de investimentos em infraestrutura para ser mais competitivo e reduzir os custos da logística de transporte, um dos mais altos da economia.
E investimentos passam pela melhoria não só da malha rodoviária, mas também de portos e aeroportos, o que não acontece, apesar das inúmeras reivindicações de diversos setores. Uma pesquisa recente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) Transporte em Números apresentou dados sobre o desempenho do setor transportador no processo de recuperação econômica após a forte recessão que afetou o Brasil nos últimos anos. Conforme o levantamento, os investimentos públicos federais em infraestrutura de transporte têm diminuído ano a ano. Segundo o estudo, entre 2012 e 2016, os recursos direcionados à infraestrutura caíram de 0,25% para 0,18% do PIB. Em 2017, a situação foi ainda pior. Os investimentos foram de apenas R$ 10,40 bilhões, representando apenas 0,16% do Produto Interno Bruto do País ( ver gráfico 1).
De acordo com o Plano CNT de Transporte e Logística, seriam necessários cerca de R$ 1 trilhão para a solução dos problemas da infraestrutura no Brasil. A entidade faz uma projeção: considerando o valor estimado para o investimento público federal, a realização de todas as intervenções identificadas pela pesquisa CNT levaria cerca de 100 anos.
Isso posto, a CNT entende que o Estado não irá conseguir sozinho os investimentos necessários em infraestrutura. Ou seja, a iniciativa privada precisa, como sempre, se fazer presente, se quisermos mudar a infraestrutura do País.
Veja a seguir alguns dados do Estudo Transporte em Números.
(Informações integralmente divulgadas pela CNT)
Transporte rodoviário
Depois de amargar sucessivas quedas entre 2014 e 2016, o fluxo de veículos nas rodovias concessionadas subiu 1,9% em 2017, um crescimento de 2,2% no fluxo de veículos leves e de 1,1% no tráfego de veículos pesados.
Essa foi a primeira vez em que houve crescimento no fluxo de caminhões desde 2013, o que representa uma pequena recuperação do setor rodoviário de cargas, principal meio de transporte de mercadorias no Brasil.
Devido à crise econômica e ao aumento de registros de roubos de cargas, no Rio de Janeiro, a recuperação do fluxo do transporte rodoviário, em 2017, se tornou mais lenta e se mantém em índices negativos.
No gráfico 2, confira a comparação com São Paulo e Paraná, estados em que o fluxo do transporte rodoviário voltou a índices positivos no ano passado.
O ano de 2017 também foi marcado pelo aumento de aquisições de veículos de transporte de cargas e passageiros por parte das empresas de transporte: foram registrados 88,62 mil licenciamentos de caminhões, ônibus e implementos rodoviários em todo o País nesse período.
Isso representa crescimento de 4,4% em relação a 2016, mas os números ainda são muito inferiores aos 154,58 licenciamentos registrados em 2013.
Com a queda no número de licenciamentos, houve impacto na idade da frota nacional: a idade média dos caminhões passou de 10 anos e 3 meses em 2016 para 10 anos e 8 meses em 2017.
O aumento da frota circulante total de veículos em 2017 foi de 1,2% se comparada com 2016. No entanto, a frota de caminhões teve crescimento insignificante (0,2%) (ver tabela abaixo).
A boa notícia é que o licenciamento de caminhões, ônibus e implementos rodoviários no Brasil tem se mantido em curva crescente: 4,4% entre 2016 e 2017, o que deve ajudar a reverter esse resultado baixo nos próximos anos.
Outros dados do Estudo Transporte em Números
Desemprego – Em relação ao estoque de empregos, o setor transportador vem acompanhando o desempenho da economia nacional.
Desde 2014, no início da crise, o número de vagas formais vem caindo. Por outro lado, no ano passado, o ritmo de fechamento de postos de trabalho foi menos intenso do que nos três anos anteriores.
O setor de transporte, armazenagem e correios encerrou 2017 com 2,33 milhões de vagas de emprego, sendo que 67,5% desses postos de trabalho estavam registrados no transporte rodoviário.
Ociosidade – Segundo a pesquisa, ainda há um elevado nível de ociosidade nas empresas transportadoras. A melhora desse quadro é atrelada à retomada da atividade econômica, quando o País apresentar um incremento relevante no volume de serviços de transporte.
Inflação – Em 2017, enquanto a inflação brasileira ficou em 2,95%, o grupo do transporte atingiu 4,10% no IPCA calculado pelo IBGE. Esse resultado deve-se à alta no preço dos combustíveis – 8,9% após a mudança nas alíquotas de PIS e Cofins. A gasolina, por sua vez, aumentou 10,32% e o diesel 8,35%.
Fonte: CNT
Por: Redação Na Boléia