REVISTA – Pneus verdes oferecem economia e ganham mercado no Brasil
O transporte rodoviário de cargas sempre foi visto como um “vilão” quando se fala da emissão de gases poluentes. Entretanto, nos últimos anos, com a criação de leis mais rígidas e o desenvolvimento de novas tecnologias para motores e outros sistemas automotivos, o segmento vem se conscientizando cada vez mais de que é preciso adotar soluções ecologicamente corretas, a fim de preservar o meio ambiente. Até porque os produtos verdes também geram muitos outros benefícios, como economia de combustível, melhor desempenho e performance e mais eficiência na operação.
No caso de pneus esses benefícios são totalmente comprovados. Item de fundamental importância para segurança dos caminhões, os pneus vêm ganhando também versões com apelos mais sustentáveis. São os chamados verdes, que não possuem essa cor, mas ganharam essa denominação por serem menos agressivos à natureza. Na verdade, a principal característica dos pneus verdes está no fato de apresentarem menor resistência ao rolamento em decorrência do uso de sílica em substituição ao negro de carbono em sua composição. A sílica, extraída da casca do arroz, permite que o pneu trabalhe com temperaturas mais baixas e sofra menos deformação. O contato entre a borracha e o piso gera um desperdício de energia e calor, afetando o consumo.
Como vantagem, proporcionam, portanto, a redução do consumo de combustível e da emissão de gás carbônico, sem que isso prejudique a aderência e a segurança.
Dados de mercado apontam que em relação ao gasto com combustível nos veículos, os pneus são responsáveis por até 20% do consumo. No caso dos pneus verdes, a redução de combustível vai depender de alguns fatores, como a manutenção do caminhão, calibragem e condições do solo. Mas é um benefício real e pode ser um grande ganho, especialmente para grandes frotistas e transportadoras.
No que ser refere à redução de CO2, no dia a dia, a contribuição dos pneus verdes é igualmente significativa: diminuem entre 5% a 15% as emissões de gás carbônico. Numa conta simples, se houver uma redução de apenas 6% de combustível já é suficiente para diminuir cerca de dez gramas de CO2 por quilômetro rodado.
Variedade de modelos
O fato é que mesmo sendo um pouco mais caros – custam em média de 3% até 7% a mais –, quando considerados os benefícios da redução de combustíveis e menor impacto ao meio ambiente, o investimento vale a pena. As montadoras estão cada vez mais buscando esses produtos para equipar seus lançamentos. E os fabricantes de pneus têm investido nesse nicho para atender à essa demanda, que tende a crescer no País.
Hoje, os principais fabricantes de pneus no Brasil já contam com opções com esse apelo. A Bridgestone, por exemplo, acabou de lançar novidades para automóveis e pesados. Na linha comercial, a empresa oferece a versão Ecopia comercial (para caminhões, ônibus e carretas), fabricada na unidade da empresa em Santo André/SP, composta por dois modelos, R268 e M792, sempre com as medidas 295/80 R22.5.
O primeiro deles é voltado para eixos direcionais e reboques. O outro é indicado para eixos de tração. Segundo Marcelo Cruz, gerente de produto, os novos pneus reduzem em até 2% o consumo de combustível em relação aos pneus Bridgestone convencionais.
Sendo assim, segundo dados da fabricante, em uma frota de 100 veículos com seis pneus cada, no fim de um ano a economia gerada equivale a 44,2 mil litros de diesel. Ele ressaltou ainda que esses pneus têm os compostos mais modernos (com sílica) e novos desenhos para a banda de rodagem. O valor é um pouco mais alto: custam entre 3% e 5% a mais que os convencionais.
No momento, os produtos estão em fase de homologação, e, em breve, a empresa deve iniciar o fornecimento às montadoras. Cruz ainda revelou que o R268 recebeu letra C em resistência ao rolamento e B em frenagem no molhado pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem. Já o M792 ganhou D em ambos os critérios.
Tecnologia italiana
A Pirelli foi uma das primeiras fabricantes a investir em produtos com apelo ecológico. Para o segmento comercial, a empresa desenvolveu os pneus da 01 Series, utilizando também a tecnologia elaborada na matriz italiana, que atendem a todas as aplicações de caminhões e ônibus. Composta por produtos para cada tipo de veículos de carga, transporte de passageiros, emprego misto e urbano, a gama foi desenvolvida tendo em vista as peculiaridades das condições sul-americanas.
Com investimento de aproximadamente US$ 200 milhões (R$ 400 milhões) no Brasil, entre 2012 e 2015, os pneus são produzidos na fábrica de Santo André/SP, e em Gravataí, no Rio Grande do Sul, com processo industrial desenvolvido especialmente para o segmento de transporte e com tecnologia exclusiva SATT™.
Os compostos e estruturas garantem a redução de temperatura durante a rodagem, maior durabilidade e diminuição da resistência ao rolamento, quesitos que contribuem para a redução de aproximadamente 2% do consumo de combustível e na busca por três vidas úteis dos pneus.
Conforme cálculos da fabricante, a linha gera melhora de 15% em rendimento quilométrico e em resistência ao rolamento, evolução em 30% dos índices de reforma, 25% a mais de resistência estrutural contra impactos, ganho de 10% em dirigibilidade e 25% em relação ao rumor produzido durante a rodagem.
Mais opções
Para transporte em estradas de média severidade, a Pirelli oferece as versões FR:01 e TR:01, destinadas, respectivamente, para os eixos direcionais/livres e trativos, cujo objetivo é aumentar a durabilidade do transporte para médias e longas distâncias. A estrutura e os compostos selecionados oferecem rendimento quilométrico e reconstrução em níveis superiores, bem como baixa resistência ao rolamento proporcionando economia no consumo de combustível.
Outra opção é o modelo ST:01 para implementos rodoviários (reboques e semirreboques), que pode ser utilizado em todos os eixos e foi desenvolvido com o objetivo de quebra de paradigma para a categoria em termos de durabilidade. Especialmente projetados para percursos médios e longos, o ST:01 tem também como característica principal: economia de combustível, rendimento quilométrico e reconstrução superiores.
Já o TQ:01 é destinado para o transporte em terrenos altamente irregulares.
No mercado sul-americano desde 2011, esse pneu de uso profissional exclusivo fora de estrada possui reforços estruturais que o tornam bem robusto. O desenho diferenciado e a maior área de contato com o solo melhoram a capacidade de tração. O composto possui alta resistência a lacerações e impactos. É um produto destinado ao transporte em terrenos, como os encontrados em mineradoras, grandes obras de construção civil e pedreiras.
A Goodyear também comercializa uma linha de pneus cujo apelo é proporcionar economia de combustível com consciência ambiental. No desenvolvimento da linha, a empresa buscou a otimização de distribuição da pressão de contato do pneu com o solo e utilizou compostos especialmente formulados, o que resultou em uma diminuição no coeficiente de resistência ao rolamento.
Na prática, essas características se traduzem em uma menor exigência do motor para manter o veículo em movimento. Ou seja, menor consumo de combustível e custos operacionais para percorrer a mesma distância, além da maior preservação ambiental.
Segundo a empresa, a cada 100.00 km rodados, o cliente economiza o valor de até dois pneus (cálculo feito considerando um caminhão 4×2, mais carreta de três eixos em perfeitas condições e manutenção, onde todas as posições estejam equipadas com pneus novos com Tecnologia FuelMax ™ G657 e G687, que são os dois modelos disponíveis para o segmento comercial).
Em resumo
• A utilização de pneus verdes traz inúmeras vantagens para o motorista e o veículo. O seu sistema de funcionamento é diferente dos comuns e resulta na economia de combustível, o que acaba influenciando positivamente no orçamento e gastos das empresas.
• Devido à sua estrutura, ao desenho da banda de rodagem e aos materiais utilizados durante a sua fabricação, esse modelo de pneu é mais leve e durável.
• Para oferecer esses benefícios, a estrutura do pneu verde foi desenvolvida para aproveitar melhor a energia gerada pelo motor, ajudando assim a diminuir o consumo de combustível e, consequentemente, a emissão de poluentes.
• Para baixar a resistência à rolagem em um pneu, as empresas utilizam compostos mais modernos, como sílica em substituição ao negro de carbono, que é extraída da casca do arroz. Essa tecnologia permite que o pneu trabalhe com temperaturas mais baixas e sofra menos deformação.
Por: Redação Na Boléia