A redução da burocracia no transporte rodoviário de cargas

Os setores de transporte e automotivo seguem liderando como os mais sensíveis da economia nacional em 2021. Os dados foram divulgados durante webinar de avaliação de risco-setor, realizado pela líder mundial em seguro de crédito, Euler Hermes.

De acordo com o diretor de risco, Felipe Tanus, o setor de transporte foi o mais impactado pela pandemia, com uma queda de -9,2% no PIB para transportes em 2020. Segundo ele, esse desempenho negativo foi causado principalmente pelas medidas de distanciamento social e o desemprego elevado, que tiveram impacto direto no setor, principalmente ao fluxo de veículos leves e aéreo, sofrendo quedas no último ano de -16,9% e -62,0%, respectivamente.

Na análise de veículos pesados, a queda foi menor (-1,1%), uma vez que a atividade se tornou essencial, principalmente por conta da cadeia de suprimentos. O mesmo ocorreu na atividade portuária, que se manteve resiliente durante a pandemia, apresentando aumento de 4,4%, e favorecida pela atividade econômica chinesa, que demandou um volume maior de commodities.

Quando olhamos para o contexto geral, a recuperação do setor só deve acontecer a partir de 2022, uma vez que outros fatores também devem desacelerar o segmento, como a lenta imunização da população frente à Covid-19, as taxas de contágio ainda muito elevadas e, principalmente, o aumento no preço dos combustíveis, facilmente observado por todos nós na ponta final”, explica.

Mesmo com a queda brusca do último ano, para 2021 é esperada uma recuperação de +4,1% no PIB para transportes, segundo projeção da Tendências Consultoria, baseando-se no controle da pandemia no país ao longo dos próximos meses.

Setor automotivo

O impacto no setor automotivo também foi muito significativo. Em 2020, a produção e as vendas retraíram -31,6% e -26,0% respectivamente, além da queda de -32% nas exportações, de acordo com dados da ANFAVEA e da Allianz Research.

Novamente, os veículos pesados foram os menos afetados, com redução de -12%, mesmo com o fechamento de grandes montadoras no Brasil, como a Ford em janeiro, o que trouxe ainda mais dificuldades para a performance do setor.

Mesmo assim, Tanus aponta que a produção teve alta de 2% no primeiro trimestre deste ano, com destaque para caminhões e comerciais leves, principalmente beneficiados pelo cenário positivo do agronegócio e pela expansão do e-commerce em todo o país.

Por outro lado, as vendas continuam em queda. No primeiro trimestre, observamos uma contração de -5,4% no licenciamento de veículos e apesar de esperamos uma recuperação de +26% na produção e +15% nas vendas, o setor automotivo deve continuar enfrentando dificuldades até 2022”, analisa.

O diretor explica ainda que isso se deve a alguns fatores-chave: o aumento dos preços do aço e a depreciação do real frente ao dólar, que aumentam ainda mais os custos de produção, tornando assim inevitável o repasse ao preço final que chega no consumidor.

No último ano, a ANFAVEA previu que a recuperação poderá levar até cinco anos, o que demonstra o tamanho do impacto negativo causado pela pandemia no setor.

Por fim, Tanus acredita que esse cenário de incerteza deve se manter ao longo de 2021 para os dois setores. “Enquanto seguradora, nós acompanhamos de perto a movimentação do mercado trimestralmente, o que acaba norteando as nossas decisões e nosso apetite de crédito. Os setores de transporte e automotivo seguem tendo uma classificação de risco alto, o que deve permanecer até o segundo trimestre deste ano”, conclui.

Por Redação Na Boléia

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