Revista: Reforma de pneus consolida sua importância no segmento de transporte
A desaceleração da economia no Brasil tem imposto grandes desafios para as empresas de vários setores. O mercado de reforma de pneus é um dos que enfrentam dificuldades. Entretanto, em meio a um cenário adverso, o segmento ainda tem encontrado uma saída, consolidando-se como uma alternativa interessante e segura para quem busca reduzir custos.
O fato é que a reforma de pneus vem conquistando um outro status no Brasil. Se antes, a atividade se limitava à atuação de borracharias, geralmente, instaladas em locais simples, nas periferias das cidades, hoje, há empresas muito bem estruturadas, que oferecem serviços especializados, prestados por técnicos capacitados. São centros que conhecem os problemas que podem ocorrer com o pneu, oferecendo alternativas que garantem segurança e vida útil iguais aos de produtos novos, com a vantagem de serem mais baratas e sustentáveis.
Para se ter ideia, a atividade de reforma de pneus não produz gás efeito estufa e gera economia de 57 litros de petróleo por pneu reformado na linha caminhão/ônibus e 17 litros para a linha automóvel, possibilitado uma economia total de 500 milhões de litros/ano de petróleo, o que equivale a 600 milhões de reais/ano de economia com a reforma de pneus.
Da mesma forma, as carcaças inservíveis – aquelas que não podem ser mais reformadas pelas condições que se encontram após sua retirada de uso – também têm uma destinação própria junto a outros resíduos provenientes da atividade de reforma de pneus, tais como raspas de borracha, pó de borracha e lascas de pneus obtidos na raspagem, beneficiando o meio ambiente.
Outra característica importante da atividade são as vantagens que oferece para o transportador. Segundo Tales Cardoso Pinheiro, gerente de marketing da Vipal, a reforma de pneu traz uma economia de mais de 70% em relação ao produto novo. O problema, segundo ele, é que para fazer a reforma, os transportadores e motoristas têm de ficar atentos à vida útil do pneu, a fim de que a carcaça não seja perdida. “Muitos motoristas , quando decidem mandar os pneus para reforma, a carcaça já foi tão utilizada que não se consegue fazer a reforma. É preciso ficar atento a isso”, alerta Tales.
De acordo com ele, a crise provocou uma queda de pelo menos 10% na atividade de reforma. “Os pneus, que têm condições de ser recapados, serão reformados. O problema é que com menos frete, as frotas não rodam e gastam menos pneus. Com isso, houve uma redução no volume, ou seja, temos menos pneus sendo reformados”, explica o gerente.
Na verdade, a reforma de pneus tem sido fundamental para o mercado de transporte rodoviário. O pneu é o segundo ou terceiro item de maior custo do transporte rodoviário. E, segundo pesquisas, o produto reformado possui rendimento quilométrico semelhante ao novo. No entanto, o valor é 75% mais econômico para o consumidor e apresenta uma redução de 57% no custo/km para o setor de transporte.
Para Tales, embora o segmento de reforma ainda tenha muito a conquistar, hoje a qualidade da reforma no Brasil é reconhecida por muitos clientes, que optam pelo serviço e dispõem de grandes centros reformadores. A própria Vipal possui uma rede autorizada, que realiza reformas de mais de 15 marcas de pneus de caminhões e ônibus, oferecendo garantia até a terceira reforma.
Na verdade, o pneu é um item de segurança extremamente importante no veí-culo. Daí, a importância se especializar cada vez mais os profissionais que oferecem esse serviço.
Essa é uma das bandeiras da Associação Brasileira do Segmento de Reformas de Pneus (ABR), que vem buscando, por meio de cursos, treinamento e palestras, a conscientização dos associados sobre a importância de oferecer serviços especializados e com qualidade. “Procuramos orientar, mostrando que a reforma de pneus precisa de tecnologia e de conhecimento. É um trabalho contínuo da Associação, pois a mudança de mentalidade não acontece de uma hora para outra”, comenta Eduardo Martins, assessor comercial da ABR.
BRASIL SE DESTACA
O Brasil é o segundo maior mercado mundial de reforma de pneus, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Lá, a reforma atende à população e às empresas de transporte, bem como toda a frota do exército, além dos carros oficiais e dos veículos do sistema de transporte público.
Para se ter ideia da grandiosidade do setor no Brasil, a PneuShow, realizada em junho, recebeu mais de 8 mil visitantes, que foram conhecer as novidades apresentadas por mais de 170 empresas. Na feira, houve lançamentos importantes, com o extrusora de ligação direta sobre a carcaça raspada, engates com tecnologia de dupla vedação, escovas para diversas finalidades, bandas de rodagem de alto rendimento quilométrico, raspadora de borracha com produtividade de 35 pneus por hora e diversos pneus certificados e para todos os tipos de veículos.
Uma das novidades da Vipal foram as bandas ECO, produzidas com compostos especiais de alta tecnologia e desenhos exclusivos, o que permite baixa resistência ao rolamento, garantindo economia de 10% no consumo de combustível.
E em tempos de crise, economia é a palavra de ordem. “As empresas terão de se adequar cada vez mais. Pequenos detalhes podem fazer a diferença na conquista do consumidor. Não adianta fazer guerra de preços, porque isso só prejudica o próprio setor. A receita é buscar se aproximar do cliente e aproveitar a estrutura existente para criar novas soluções e garantir um atendimento de qualidade e confiável”, analisa Tales.
Mesmo diante da grande evolução da atividade de reforma no País, é importante ter alguns cuidados no momento de escolher o fornecedor. Nesse sentido, Tales, da Vipal, faz uma recomendação. Segundo ele, é imprescindível conhecer bem o fornecedor e não entregar o pneu para qualquer empresa reformadora. “As transportadoras e motoristas precisam conhecer a estrutura do local, checar a tecnologia utilizada e a forma com que esse reformador trabalha. Muitas vezes, há locais que reformam a preços baixíssimos e, no final, a durabilidade, performance do pneu, e, acima de tudo, a segurança, ficam comprometidas”, alerta Tales.
Apesar do potencial do mercado brasileiro, para o assessor da ABR, o empresário do segmento de reforma ainda não conseguiu alcançar o lugar que merece na sociedade. Nesse sentido, a entidade luta para que o setor seja reconhecido como empresas verdes e recicladoras. Outra reivindicação é que os tributos sejam adequados para empresas verdes: ICMS da matéria-prima com alíquota reduzida no estado de origem, sem diferença para o estado destinatário; e alíquota zero para PIS e COFINS.
Na verdade, a reforma de pneus é bastante benéfica para a sociedade, mas precisamos de empresas sérias e comprometidas para manter o segmento em constante evolução.
Dados: ABR
Números da reforma de pneus
Perfil Econômico
• 1.302 unidades reformadoras;
• 18 fabricantes de borracha do setor, sendo 13 nacionais e cinco multinacionais;
• 52 fabricantes de equipamentos do setor;
• Índice de recapabilidade: 1,8;
• Geração de mais de 250 mil empregos diretos e indiretos;
• Faturamento: R$ 4 bilhões ao ano;
• Arrecadação de R$ 1 bilhão em impostos (R$ 300 milhões/ano de PIS e COFINS; R$ 500 milhões/ano de ICMS; e R$ 200 milhões/ano de INSS);
• Economia de R$ 7 bilhões ao ano ao setor de transporte do Brasil.
Por: Redação Na Boléia