202-10082017Um dos desafios das empresas de transporte rodoviário de carga continua sendo encontrar mão de obra qualificada. A dificuldade se tornará ainda maior quando houver a retomada econômica. Após demissões massivas nos últimos três anos – na tentativa de reequilibrar a oferta de capacidade à demanda -, o setor deverá se esforçar para encontrar profissionais.

Segundo o Anuário CNT do Transporte de 2017, o número de empresas transportadoras de carga regularmente inscritas passou de 156.765 no ano passado para 111.743 atualmente. Em 2014 eram cerca de 170 mil, segundo dados da NTC&Logística. A entidade explica que, no caso de uma possível retomada, as chances de faltar mão de obra para o setor são grandes e isso ainda pode piorar. Isso acontece porque muitas empresas estão endividadas e nem os autônomos estão sendo uma opção fácil.
O fato é que a dificuldade financeira dos transportadores – provocada pela queda da movimentação de carga no País, defasagem do frete e aumento dos níveis de recebimentos em atraso -, não se resume a médias e grandes empresas.
Na verdade, para contratar alguém, esse profissional tem de ser aprovado pela seguradora, mas se o autônomo tiver dívidas não é aprovado pela seguradora, ou seja, os autônomos estão com dificuldade de conseguir serviço em épocas de crise e as transportadoras não têm motoristas e não acham autônomos.

Com isso, a perspectiva de que a mão de obra pode ser um gargalo na hora da retomada que já preocupa as empresas. Segundo estudo recém-divulgado pela NTC&Logística, realizada com 2,29 mil empresas, o percentual de transportadoras com veículos parados tem diminuído. Enquanto na enquete mais recente 38,7% apontaram estar com veículos parados, em janeiro deste ano o volume chegava a 52,8%. O número vem em declínio se comparado às pesquisas realizadas em 2016 que apontavam 75,7% na divulgação de janeiro e 65,4% no mês de agosto.

A curva de tendência está apontando para momentos melhores, mas o resultado do primeiro semestre ainda se mostrou difícil. Ainda segundo a pesquisa, 70,5% apontaram ter sentido uma queda do faturamento. Para os respondentes, as receitas diminuíram 10,32% e o valor do frete caiu cerca de 2,98%. Com isso, 91% apontou ter precisado diminuir o seu tamanho.

Somado a todo o desafio da queda da demanda, as transportadoras entrevistadas apontaram que o impacto da crise econômica em todo o setor produtivo provocou um grande nível de inadimplência. De acordo com a NTC&Logística, 54,7% das transportadoras estão com fretes a receber em atraso, o que representa 14,3% do faturamento. “Muitas empresas colocaram o pagamento para 120 dias, porque já é feito em outros países, mas no Brasil os juros são muito altos. Além disso, muitas não querem que os encargos financeiros sejam incluídos”, destaca.

Para completar a tempestade perfeita, a pesquisa ainda apontou para uma defasagem do frete de 20,89% no transporte de carga lotação e 7,72% na fracionada. Agora, cabe ver o reflexo do aumento do PIS/Cofins no combustível e o impacto nas empresas de transporte de carga. Na semana passada, diversas manifestações de caminhoneiros espalhadas pelo País ocorreram simultaneamente com o intuito de chamar a atenção para o impacto. O cálculo é que chegue a gerar alta de até 4% no valor do frete, com um impacto maior para o transporte de produtos de baixo valor agregado e rotas mais longas.

Com informações da NTC&Logística

Por: Redação Na Boléia

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