O setor de transporte de cargas é um dos maiores responsáveis por estimular a economia brasileira. Segundo dados do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de São Paulo e Região (SETCESP), em 2020, o segmento de transportes, armazenagem e serviços acessórios movimentou cerca de 480 bilhões de reais, correspondendo a 6,4% do Produto Interno Bruto do País (PIB).

Dados da pesquisa Custos Logísticos realizada pela Fundação Dom Cabral apontam que 75% dos produtos no Brasil são transportados pelo modal rodoviário, considerado um serviço essencial para a sociedade. No entanto, o setor de transporte rodoviário de cargas (TRC) continua enfrentando desafios cotidianamente.

Ainda que o setor tenha se mantido ativo durante toda a pandemia, 65% das empresas de transporte de cargas sofreram queda em sua receita bruta no último ano de acordo com o relatório produzido pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Eduardo Ghelere é diretor executivo da Ghelere Transportes, situada no interior do Paraná, que conta com mais de 200 veículos em sua frota e está há 40 anos no mercado. Ele aponta que diariamente há uma série de obstáculos capazes de comprometer a produtividade e o crescimento das transportadoras.

“A falta de motoristas profissionais é um dos maiores entraves em longo prazo, o que foi intensificado durante a pandemia do novo coronavírus”, afirma. Segundo uma pesquisa conduzida pelo Instituto Paulista de Transporte de Carga (IPTC), 81% das empresas do setor registraram falta de motoristas no mercado de trabalho em 2020.

Outro ponto a ser ressaltado são as restrições de circulação nos centros urbanos. Aproximadamente 200 cidades brasileiras contam com esse tipo de legislação, acarretando a necessidade de uma frota maior e, consequentemente, mais motoristas nas ruas. “É preciso evidenciar que essas condições acabam encarecendo os serviços, elevando o custo em cerca de 20%“, complementa o empresário.

Apesar dos investimentos, a infraestrutura das estradas brasileiras não consegue suprir as necessidades do setor. “Venho percebendo grandes mudanças recentemente, mas os investimentos nas rodovias do país ainda são considerados baixos. Além de oferecerem riscos aos motoristas e às cargas, essas condições levam também ao aumento dos custos logísticos dentro das transportadoras“, aponta Ghelere.

De acordo com a CNT, as rodovias pavimentadas cresceram 23,2% em 15 anos e a frota de veículos aumentou 184,2% no mesmo período. Os dados ainda mostram que, dentre as rodovias federais e estaduais analisadas, 48,6% apresentam algum tipo de problema.

Considerando a frota de veículos, a maioria das rodovias que são duplicadas apresenta constantes problemas de fluxo por conta da quantidade de transportes na via“, observa Eduardo.

Por este motivo, as transportadoras precisam cada vez mais buscar soluções para driblar essas adversidades. O executivo reforça a necessidade de desenvolver um olhar em longo prazo para tais situações. “Estamos sempre buscando por soluções nas leis ou procurando brechas, quando devemos na verdade investir de forma bruta em treinamento de novos motoristas e auxiliar a gestão de empresas familiares“, conclui.

Por Redação Na Boléia

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