O setor rodoviário transporta 80% das mercadorias no Brasil, mas, apesar da importância para economia, enfrenta um desafio crescente: o envelhecimento da frota e da mão de obra.

Segundo economistas e especialistas do setor ouvidos pelo Monitor do Mercado, este cenário impacta diretamente os custos do frete e, consequentemente, pressiona toda cadeia produtiva e influencia o aumento no preço dos alimentos.

A inflação gerada pelo aumento dos custos logísticos é um problema sério no Brasil, pois o país depende fortemente das rodovias”, aponta Josenito Oliveira, economista e professor da Universidade Tiradentes (UNIT).

Dados de uma pesquisa da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) mostram que a frota de caminhões em circulação no Brasil tem, em média, 11 anos de idade. “Uma nova tecnologia, lançada hoje na Europa, só será amplamente usada no Brasil mais de uma década depois“, alerta Thelis Botelho, especialista no setor rodoviário e CEO da CarboFlix, startup que oferece serviços para motoristas e caminhoneiros autônomos. “Caminhões mais antigos tendem a exigir reparos mais frequentes e complexos devido ao desgaste natural e ao atraso tecnológico. Isso resulta em aumento dos custos operacionais e maior tempo de inatividade dos veículos, afetando a eficiência do transporte”.

O mesmo estudo concluiu que a idade média dos motoristas autônomos no Brasil é de 46 anos, e as novas gerações não têm se interessado pela profissão. A situação dos caminhoneiros é agravada pela rotina intensa, conforme o estudo da CNTA.

Os motoristas trabalham, em média, 12 horas diárias, passando mais da metade do mês longe de casa. Problemas de saúde também são comuns: quase metade relata condições como problemas na coluna, hipertensão e obesidade. Muitos fazem apenas duas refeições ao dia, e metade nunca se sente seguro nas estradas.

O cenário atual remete à crise gerada pela greve dos caminhoneiros em 2018, quando ficou evidente o impacto imediato e significativo na economia, com aumento expressivo nos preços de alimentos e bens essenciais.

Sem medidas concretas para modernizar o setor e atrair novos profissionais, o Brasil pode enfrentar uma crise logística ainda mais grave nos próximos anos“, pontua o economista.

Além de mais investimento em infraestrutura, os especialistas dizem que a inovação pode contribuir para melhorar as condições nas estradas. Para o economista, para fazer esta engrenagem trabalhar de forma eficiente e segura é preciso criar “políticas públicas para modernizar a frota, melhorar a infraestrutura e estimular alternativas que podem ajudar a reduzir esse impacto no longo prazo”.

Por Redação Na Boléia

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