A FENABRAVE – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, divulgou que a MP – Medida Provisória nº 1.175, editada pelo Governo Federal em 6 de junho, e que dispõe sobre mecanismo de desconto patrocinado na aquisição de veículos sustentáveis, atingiu seu objetivo e aqueceu o mercado de automóveis e comerciais leves de até R$ 120 mil, que começa a mostrar sua curva de recuperação.

Na avaliação da entidade, que representa 7.400 Concessionárias de veículos no país, o Governo Federal foi extremamente feliz ao lançar a Medida Provisória beneficiando, principalmente, quem mais demandava, que eram os consumidores.

Segundo a FENABRAVE, o maior movimento dos emplacamentos se deu, especialmente, a partir do dia 20 de junho, quando o volume de efetivação das vendas passou a superar o volume diário de 5 mil unidades, chegando a mais de 22 mil nos últimos dias do mês – desempenho similar ao alcançado em 2012, ano de recorde histórico de emplacamentos no País, quando mais de 3,6 milhões de autos e leves foram comercializados ao mercado interno.

Até a publicação da Medida Provisória, em 6 de junho, os consumidores estavam em compasso de espera, pois o MDIC havia anunciado, em 25 de maio, que algum incentivo seria oferecido em breve. Após a publicação, houve o tempo de troca de notas fiscais entre Concessionárias e Montadoras, a habilitação das montadoras aos créditos tributários e, enfim, o início do atendimento aos pedidos dos clientes, que foram os mais beneficiados com a medida, que era o nosso principal objetivo, já que o consumidor final foi quem mais perdeu poder de compra nos últimos anos”, comentou Andreta Jr., Presidente da FENABRAVE.

O Presidente da entidade explica que alguns entraves inviabilizaram que o sucesso da Medida Provisória aparecesse mais em junho. Segundo Andreta Jr., o prazo médio entre o fechamento da venda de um veículo e seu emplacamento costuma demorar cerca de 15 dias.

Soma-se a isso o fato de que, após a publicação da MP nº 1175, Concessionárias e Montadoras tiveram de realizar trâmites de ajustes de notas fiscais e alguns DETRANs – Departamentos Estaduais de Trânsito ainda enfrentaram problemas de lentidão em seus processos.

Esse cenário fez com que o salto nos emplacamentos fosse observado apenas na última semana do mês, mas já foi suficiente para termos um resultado melhor que o de maio. Isso nos mostra que os primeiros dias de julho poderão ser positivos, pois devem refletir emplacamentos de vendas realizadas e não registradas em junho”, analisa.

O sucesso da MP nº 1.175 foi tamanho que os R$ 500 milhões destinados aos segmentos de automóveis e comerciais leves já se esgotaram, o que fez com que o Governo Federal realizasse novo aporte de R$ 300 milhões em descontos tributários.

A iniciativa do Governo foi essencial para o setor e para o consumidor brasileiro, que é quem, de fato, precisa desses incentivos. Ficou claro que milhares de brasileiros estavam apenas esperando uma oportunidade para poderem adquirir um veículo novo. Nosso objetivo era exatamente alcançar os três principais fatores: preço acessível ao poder de compra, sustentabilidade e densidade fabril”, diz o Presidente da FENABRAVE, que reconheceu que, além dos incentivos do governo, também as montadoras adicionaram descontos a alguns modelos, assim como os bancos dos fabricantes lançaram taxas atrativas para fomentar os financiamentos aos veículos que fizeram parte do pacote de benefícios.

Como o novo aporte de recursos deve se esgotar ainda em julho, a FENABRAVE se mostrou preocupada com os resultados das vendas nos próximos meses e está preparando um projeto para apresentar ao Governo Federal, a fim de oferecer uma solução que vise o crescimento sustentado para o setor automotivo, sem perdas de arrecadação.

O Governo e seus ministérios têm se mostrado muito abertos a ouvir medidas propositivas de crescimento econômico, e a FENABRAVE tem sido convidada a demonstrar seus pontos de vista. Quero ressaltar que sempre estaremos à disposição para colaborar nessa discussão. Essa primeira iniciativa de impulso ao mercado de veículos foi um sucesso e tenho a certeza de que, junto ao Poder Público, encontraremos novas alternativas para buscar o crescimento contínuo”, finaliza Andreta Jr.

Dados de junho e balanço 1º Semestre

Em junho, o setor em geral registrou alta de 10,3% sobre junho de 2022

No semestre, a alta foi de quase 14% nos emplacamentos de todos os segmentos automotivos somados, lembrando que, em 2022, o desempenho dos seis primeiros meses do ano foi impactado por fatores como a guerra na Europa e a falta de peças e componentes na indústria.

Todos os segmentos registraram alta no volume, com exceção de caminhões, categoria que teve de se ajustar à nova tecnologia de emissões (Euro 6) na primeira metade de 2023”, diz o Presidente da FENABRAVE.

Projeções

Com a atual volatilidade do cenário econômico e diante da possibilidade de elaboração de novas políticas públicas de fomento ao setor automotivo no País, a FENABRAVE decidiu não rever, ainda, suas projeções para 2023, mantendo uma expectativa de crescimento de 3,3% nos emplacamentos para o ano, considerando todo o setor.

Automóveis e Comerciais leves

Os segmentos enfrentaram grande volatilidade por conta da edição da MP 1.175. “Iniciamos o mês com um volume tímido de emplacamentos, mas, após a publicação da Medida Provisória, houve um salto de movimento nas Concessionárias, com algumas registrando um aumento no fluxo de loja e de negócios de até 260%. Parte do volume vendido foi emplacado em junho, mas teremos a real dimensão do impacto da ação nas próximas semanas, devido ao intervalo entre a venda do veículo e seu emplacamento”, analisa Andreta Jr.

Automóveis e Comerciais Leves Eletrificados

Com mais de 32 mil unidades de automóveis e comerciais leves eletrificados emplacados no ano até o momento, os segmentos registraram leve retração em junho sobre o resultado de maio, principalmente, por conta do menor número de dias úteis do mês.

Caminhões

Embora o setor de transporte de cargas tenha sido contemplado com R$ 700 milhões pela MP 1.175, o Presidente da FENABRAVE destaca que o segmento de caminhões passa por um momento difícil, apresentando queda tanto em junho quanto no semestre deste ano.

Segundo Andreta Jr., o segmento ainda sofre com os juros elevados e aumento da inadimplência, o que dificulta financiamentos de produtos EURO 6, em função dos novos preços. “O mercado tem mostrado cautela para finalizar a aquisição de veículos novos, em função dos preços dos produtos com a nova tecnologia”, afirma.

Apesar de ter sido o segmento que mais recebeu descontos tributários, a Medida Provisória não gerou negócios. “Principalmente, os profissionais autônomos, aguardam o Programa RENOVAR, que está em discussão entre o Governo e as entidades do setor, e que visa promover a renovação gradativa da frota. Ou seja, eles irão trocar os caminhões de mais de 20 anos, por um de 15 anos; ou um de mais de 15 anos por um de 10 anos e assim sucessivamente”, comentou Andreta Jr.

Ônibus

Os ônibus seguem em um movimento de retomada dos emplacamentos, mesmo que partindo de uma base baixa e com um dia a menos em junho, que justifica a queda do mês. “As categorias de ônibus rodoviários estão sendo beneficiadas pelo turismo e Programa Caminho da Escola. E essa recuperação pode se intensificar, pois é esperada nova concorrência governamental para o Programa Caminho da Escola”, diz Andreta Jr.

O único resultado que não se mostra ascendente, neste segmento, é para os ônibus urbanos, que vêm perdendo espaço para as motocicletas, como alternativa de transporte nas cidades.

Implementos Rodoviários

Os implementos acumulam uma leve alta no ano, descolando dos emplacamentos de caminhões, algo incomum nestes segmentos, que costumam apresentar comportamentos similares. “O que notamos é que, apesar da queda nos emplacamentos de caminhões, os transportadores têm mantido o cronograma de investimentos em implementos”, diz o Presidente da FENABRAVE.

Por Redação Na Boléia

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