6-15122016O alto nível de ociosidade da indústria de caminhões deve se manter em 2017, já que o mercado estima um ano de crescimento tímido. Para sobreviver, as montadoras esperam estabilidade da economia e melhores condições de financiamento do BNDES.

Em entrevista ao DCI, executivos de montadoras se disseram cautelosos em relação às previsões para 2017, já que o cenário político e econômico ainda inspira cuidados. “Uma recuperação deve começar a acontecer só no segundo semestre. O crescimento deve ser pequeno”, afirma o diretor-geral da Scania do Brasil, Roberto Barral.

O vice-presidente de vendas e marketing da Mercedes-Benz no País, Roberto Leoncini, destaca que a frota atual de caminhões está muito ociosa. “Mesmo com a retomada da economia, o mercado ainda vai demorar um tempo para começar a se movimentar”, pontua.

O diretor de marketing da Iveco para América Latina, Ricardo Barion, estima que as vendas podem crescer entre 10% e 20% em 2017. “Porém, esse volume está muito abaixo da capacidade instalada da indústria.”

De acordo com estimativas de mercado, a capacidade instalada de veículos pesados, no País, gira em torno de 400 mil unidades. Em 2016, as vendas no Brasil não devem passar de 50 mil veículos, queda aproximada de 30% sobre 2015. “Estamos vivendo quase uma depressão”, comenta Barral.

O diretor da Iveco atenta para o fato de que não só as montadoras estão passando por dificuldades. “No curto prazo, o cenário é muito preocupante. A rede de concessionárias precisa sobreviver a este período.”

Finame
As montadoras acreditam que os juros subsidiados do financiamento do BNDES para bens de capital, o Finame, não devem mais voltar. Contudo, há a expectativa de melhora das condições, como por exemplo, financiar 100% do bem, o que hoje não acontece.

“Atualmente, o cliente não tem capital nem para a entrada do Finame”, pondera Barral. No entanto, Barion avalia que, diante da crise, dificilmente o BNDES voltaria a financiar 100% do caminhão. “Esse tipo de operação é muito cara.”

Executivos da MAN Latin America (fabricante dos veículos comerciais Volkswagen) defendem o retorno do financiamento total do bem como forma de estimular as vendas.

“Tradicionalmente, o BNDES financiou 100% do caminhão, exceto em períodos de crise”, disse no início do mês o vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da MAN, Ricardo Alouche, na ocasião do anúncio do novo ciclo de investimentos de R$ 1,5 bilhão para os próximos cinco anos no País.

Leoncini, da Mercedes, salienta que, para este ano, o volume disponível do Finame para caminhões e ônibus deve sobrar. “O funding não deve ser usado em sua totalidade em virtude da recessão.” Esta também é a opinião de Alouche. “O volume de emplacamentos está extremamente baixo.”

Para atravessar o período difícil que ainda deve persistir, as montadoras estão apostando no pós-vendas. “Hoje, não dá para sobreviver só com a venda de veículos novos”, diz Barion.

A Iveco aposta em pacotes de manutenção de preço fixo, entre outros serviços, para garantir alguma rentabilidade. “Precisamos atrair o cliente para a rede”, analisa o executivo.

A estratégia também é compartilhada pela Scania. No entanto, a montadora tem a vantagem de um modelo de produção diferenciado. “Não trabalhamos com estoques”, explica Barral. A matriz sueca administra os pedidos e redireciona os contratos de exportação de acordo com o uso de capacidade de suas subsidiárias.

“Atualmente, estamos operando com 30% da produção para o Brasil e 70% para exportações. Mas a nossa prioridade é sempre o mercado doméstico.”

Com forte atuação nos segmentos pesado e semi-pesados (modelos mais vendidos do País), a Scania acredita que pode crescer de 10% a 15% no ano que vem, dependendo da evolução da economia. Além disso, a marca acaba de inaugurar uma concessionária no sul do País com um aporte estimado em R$ 50 milhões.

“Como o mercado está deprimido, nosso crescimento deve tirar market share de outras montadoras”, estima.

Mas a maior disputa deve ficar mesmo entre a Mercedes e a MAN. A fabricante Volkswagen liderou o mercado por 13 anos, mas para 2016 os números de vendas mostram uma boa vantagem da marca da estrela.

Executivos da MAN demonstram que este não deve ser mais um ano na liderança. Já a Mercedes prefere não comemorar. “Estamos conseguindo chegar mais próximos dos clientes. Cada detalhe faz a diferença neste cenário. Queremos estar em todos os negócios que pudermos”, comenta Leoncini. (DCI/Juliana Estigarríbia)

Por: Redação Na Boléia

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