Na Fenatran 2015, anúncio da abertura do PSI-Finame e a assinatura de acordo entre a Caixa Econômica Fede-ral e Anfir trouxeram novo alento para o setor, que se movimenta para tentar minimizar os impactos da crise no próximo ano

O setor de transporte rodoviário de cargas irá fechar 2015 com um dos piores resultados de sua história. Somente neste ano, a queda nas vendas de caminhões chegaram a quase 50%, um desempenho bastante aquém do desejado.

Em 12 meses (referência outubro), as empresas de transporte acumularam redução de 6% na receita líquida, conforme a PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Conforme a CNT (Confederação Nacional do Transporte), o resultado é efeito da crise econômica sobre o setor. O baixo desempenho da economia brasileira, a alta da inflação, a elevação da carga tributária e da taxa de juros afetaram negativamente o segmento.

Um dos fatores que ajudaram a complicar ainda mais a situação das empresas foi a elevação da carga tributária sobre os combustíveis. Segundo a entidade, em janeiro deste ano, o Governo Federal optou por elevar as alíquotas Pis/Cofins e Cide, incidentes sobre o diesel e a gasolina. Isso fez o preço do diesel crescer R$ 0,19 por litro no período. A variação foi maior que a esperada pelo Governo Federal no início do ano, que era de R$ 0,15.

Outros fatores que vêm impactando o setor são a reoneração da folha de pagamento e a alta de dois pontos percentuais da taxa básica de juros, a Selic, que interferem nas projeções de investimentos das empresas.

Para 2016, o cenário continua preocupante, pois a tão esperada recuperação da economia não deve acontecer tão rapidamente.

Entretanto, apesar da realidade sombria, alguns acontecimentos trouxeram um alento para o segmento. Uma boa notícia foi anunciada na abertura da Fenatran – Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Carga, realizada de 9 a 12 de novembro, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, anunciou a abertura do Finame-PSI, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), fato que foi amplamente comemorado pelos presentes.

O PSI é um recurso importante para o segmento na concessão de crédito mais barato para realização de investimentos por parte das empresas, o que foi fundamental para a realização de eventos durante a feira.

Vale lembrar que em 23 de outubro último, foi publicada uma resolução que alterou as datas de operação da linha Finame PSI, antecipando para fim de outubro o prazo para protocolar pedidos de financiamento em 2015 – o fato provocou uma corrida por financiamento. Esta medida anunciada na abertura oficial da Fenatran reverteu esta decisão.

A abertura da feira contou ainda com a presença de Geraldo Alckmin, Governador do Estado de São Paulo, que, na ocasião, proferiu discurso, anunciando alguns investimentos do Governo paulista para alavancar o segmento no Estado.

Segundo Alckmin, o TRC é um setor vital para o desenvolvimento do País. Entre os investimentos do Estado nesse segmento, o governador citou a melhoria do Porto de Santos/SP, a duplicação da rodovia Tamoios/SP, a entrega do trecho leste e, em breve a do trecho norte, do Rodoanel, que irá melhorar a logística entre o aeroporto de Cumbica/SP e o Porto de Santos, entre outras iniciativas.

Setor de implementos comemora

A Fenatran também foi palco da assinatura de um convênio entre a Caixa Econômica Federal e a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), apoiadora da feira. A aliança foi concretizada no último dia do evento, com a presença da presidente da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, e o presidente da entidade, Alcides Braga.

Durante a assinatura do acordo, Miriam garantiu que o piso do programa de financiamento será de ao menos R$ 500 milhões. “Podemos chegar a R$ 1 bilhão, e até mais, dependendo do ânimo do mercado. Este esforço tem tudo a ver com o que faz a Caixa, que é apoiar o crescimento do País”, declarou Miriam.

Entre os serviços que foram firmados a partir da feira, constam linha de giro com antecipação de recebíveis da cadeia produtiva e financiamento de até 90% dos produtos.

Aliás, a participação da indústria de implementos rodoviários na Fenatran foi considerada um êxito pelo segmento. Foram registradas aproximadamente seis mil oportunidades de negócios, revelou a Anfir. “O resultado mostra que a decisão das empresas de comparecerem à Fenatran foi acertada”, garante Alcides Braga, presidente.
Em cinco dias, a Fenatran reuniu 50.222 mil visitantes/compradores, vindos dos 27 estados brasileiros. No que diz respeito à presença de compradores internacionais, 49 países estiveram presentes e puderam conferir as novidades de expositores líderes de mercado, como a Volvo Caminhões e DAF, e marcas de implementos top of mind como Randon, Noma, Librelato, TruckVan, Rossetti e Guerra, além de produtos e soluções de empresas como Valecard, Pamcard, Autotrac, Alcoa, AngelLira, Continental, entre outros.

Vitrine de lançamentos

Volvo

Mesmo com a ausência da maior parte das grandes montadoras, a Fenatran atraiu muitos olhares. A Volvo, por exemplo, marcou presença, com o maior estande na história da feira. Foram quatro mil metros quadrados de estande, com 40 salas de reunião e 400 colaboradores. “O investimento valeu a pena. A Fenatran é a maior feira da América Latina e reúne um público qualificado que faz os negócios acontecerem, de uma maneira que não encontramos em nenhum outro lugar no mundo”, assegurou Daniel Mello, gerente de Marketing da Volvo.

A empresa mostrou novidades, como o eixo 6×4 supressor, o cinto de três pontos, o dispositivo Dynafleet (software que em poucos minutos localiza via celular o caminhão, atualizando informações sobre a performance do veículo e do motorista), e o programa Voar on Call (técnicos especializados 365 dias por ano, 24 horas por dia).
“Fornecemos mais controle e segurança às frotas de caminhão visando sempre o melhor desempenho e maior produtividade, e a Fenatran nos dá a oportunidade de mostrar a evolução tecnológica de nossos produtos e serviços”, explicou Bernardo Fedalto Jr., diretor comercial da Volvo.

A empresa apresentou também pela primeira vez sua linha completa de caminhões, com destaque para o FH16, mais potente e seguro. “Nossa participação na Fenatran é uma necessidade. Uma atitude que reforça nossa crença no Brasil e mostra que nosso compromisso com os clientes será sempre de longo prazo”, prossegui Fedalto Jr.

Daf

A DAF também apostou no potencial de negócios da Fenatran. A montadora apresentou o novo pesado CF85, que chega ao mercado brasileiro para inaugurar a entrada da empresa em novos segmentos e aplicações. O modelo é oferecido em cavalo mecânico nas versões 4×2 e 6×2, equipados com o motor PACCAR MX 12.9 litros, capaz de gerar potências de 360 cv ou 410 cv, além de duas opções de cabine, a Sleeper e a Space Cab. O modelo atinge também índice de nacionalização que o habilita para o BNDES Finame.

Truckvan

No estande da Truckvan, os visitantes puderam conferir a Unidade Móvel Simulador Virtual de Tiros, desenvolvida para capacitar profissionais da área de defesa e segurança, como Polícia Civil, Militar, Metropolitana, além de empresas de segurança e vigilância. A unidade apresenta sete metros de comprimento com avanço lateral e área útil de 32 m². Os principais benefícios são: economia de 95% em relação ao custo de cartuchos reais; eliminação por completo dos riscos de acidentes; proteção ao meio ambiente, pois não há o uso do chumbo; e maior facilidade de treinamento – a unidade móvel vai até os profissionais, evitando o deslocamento.

Outro destaque da empresa foi o Semirreboque furgão carga segura, disponível nas opções dois e três eixos e também sobre chassis. Fabricado em aço importado de alta resistência, tem capacidade de carga líquida de até 31 toneladas, que suporta tiros de 38 até 45 calibres.

Noma

A Noma foi buscar na Europa o know-how para a produção de suas novidades: o Bitrem Silo Cimento, e o Rodotrem Basculante Alumínio. Ambos desenvolvidos em alumínio, têm o intuito de reduzir o peso e aumentar a resistência.

Foram três anos de pesquisas e testes em parceria com a italiana Group Menci, até chegar ao Bitrem Cilo Cimento. Com a carga de caixa 100% feita em alumínio e nova configuração com seis eixos, a novidade promete até cinco toneladas a mais por viagem em comparação com bitrens de aço carbono. O Bitrem Cilo Cimento é indicado para o transporte de cimento, cal, talco industrial, cinzas e outros materiais que utilizam o sistema de descarga por pressurização.

Por: Madalena Almeida – NB

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