O advento da internet tornou o mundo mais conectado e tecnológico, permitindo que as mais modernas invenções se tornassem cada vez presentes em nossas vidas pessoal ou profissional.

O setor de transporte rodoviário de cargas não foge à regra. A tecnologia também tem transformado significativamente esse mercado, tanto no ambiente das transportadoras, que conseguem por meio de diversas ferramentas ter uma gestão mais eficiente de suas operações, quanto do motorista, que precisou se adaptar a uma nova dinâmica com muito mais desafios, mas que também trouxe mais comodidade para o dia a dia nas estradas.

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Tranportadora RTE Rodonaves

A verdade é que os caminhões de hoje estão cada vez mais tecnológicos e muito distantes dos modelos fabricados no passado. E toda essa evolução veio facilitar a rotina das empresas e condutores.

“Não há como comparar os modelos de caminhões antigos com os novos, fabricados atualmente. Os níveis de conforto e segurança são os principais itens. O ar-condicionado, que era um item opcional e de alto custo, hoje já sai de linha de montagem trazendo conforto ao motorista, como também o isolamento acústico. Sem falar da direção hidráulica, do câmbio automatizado e do sistema de freios com ABS. Temos também a evolução dos motores a diesel, que hoje são todos eletrônicos e tornam mais eficientes o controle de temperatura e os mecanismos de refrigeração”, analisa Antônio Sidnei Petruco, diretor de operações do Grupo RTE Rodonaves.

Atualmente, a frota da Rodonaves é composta por veículos leves, médios e pesados de diversas marcas, sendo a maior quantidade de modelos Iveco. A empresa possui uma frota de aproximadamente 2.700 veículos, entre próprios e de parceiros, que contam com diversas inovações.

4-317092019-minEmpresas valorizam a tecnologia

O fato é que o desenvolvimento de caminhões mais modernos vem ao encontro das necessidades do próprio setor, cujas empresas buscam economia, disponibilidade, baixa manutenção, segurança, ou seja, uma operação mais sustentável e rentável.

Nesse ambiente, alguns atributos são considerados essenciais e extremamente valorizados na escolha dos modelos. Segundo Petruco, na RTE Rodonaves, a decisão de compra de um novo veículo para a frota passa por características relacionadas à questão do consumo, custo de manutenção e depreciação. “Quanto aos recursos tecnológicos, consideramos o câmbio automatizado como primordial, bem como veículos que possibilitem o aperfeiçoamento do condutor por meio do sistema de gerenciamento eletrônico, proporcionando melhores resultados, segurança no trânsito e redução de emissão de poluentes”, destaca.

No Grupo Tombini, transportadora catarinense que atua no transporte rodoviário de cargas secas e refrigeradas desde 1977, a tecnologia também é vista como uma grande aliada na busca por uma operação mais rentável. A transportadora, que possui frota própria, tem investido para ganhar mais competitividade e atender clientes, que também estão cada vez mais antenados a soluções inovadoras.

Clecio Tombini
Clecio Tombini

“Em 1977, a Tombini adquiriu sua primeira carreta, um modelo Mercedes-Benz 1113, que não dispunha de praticamente nenhum opcional, nem mesmo direção hidráulica. Com a evolução do transporte rodoviário de cargas, o avanço da tecnologia e a exigência cada vez maior de seus clientes, houve uma necessidade da empresa acompanhar esse processo, disponibilizando uma frota renovada e tecnológica”, revela Clecio Tombini, sócio diretor do Grupo, cuja frota é composta por veículos com idade média de três anos e dividida entre as principais marcas no segmento, sendo 40% Scania, 30% Volvo e 30% Mercedes-Benz.

Entre os principais marcos dessa evolução tecnológica na área de transporte rodoviário de cargas, Clecio destaca a possibilidade de acompanhar a performance do condutor, saber exatamente onde está cada veículo e até mesmo interagir com o motorista em tempo real, além do design, que também evoluiu muito nos últimos anos.

“Hoje, contamos com a tecnologia do Fleetboard [no caso dos modelos Mercedes-Benz], que nos fornece informações precisas sobre a condução do veículo e em tempo real. Por meio dessa tecnologia é possível saber a aceleração, frenagens, tempo em marcha lenta, temperatura do motor, consumo instantâneo no diesel, e, principalmente, a velocidade praticada pelo condutor, possibilitando a transportadora intervir imediatamente após identificar o desvio de conduta”, descreve.

Já para os condutores dos veículos, o executivo ressaltou como melhorias as cabines mais altas, maior espaço interno, suspensão mais macia, maior visibilidade e melhor posição para dirigir, atributos que são levados em conta em eventuais aquisições.

Seja para renovação ou ampliação da sua frota, a Tombini considera também os resultados conquistados pela marca e o modelo ligados a quesitos, como economia e baixo custo de manutenção. Outros aspectos importantes para o Grupo – além da negociação durante a compra –, são a liquidez no momento da revenda e a segurança para o motorista.

Felipe, da Gavazzoni
Felipe, da Gavazzoni

Outra transportadora que tem tirado proveito da tecnologia com resultados que também impressionam é a Transportes Gavazzoni. O diretor da empresa, Felipe Gavazzoni, apesar da pouca idade – ele tem apenas 32 anos – aprendeu com o pai, fundador da companhia, a fazer da tecnologia uma aliada na busca por melhores resultados. A frota da transportadora é composta por 16 caminhões. Da fatia de pesados, 100% é Scania (14 veículos, sendo 5 da Nova Geração – quatro R 450 e um R 500).

Os veículos são usados no transporte de granéis líquidos, como glicerina, sebo e outros produtos de origens animal e vegetal, da sede da empresa, em Concórdia, Santa Catarina, para fábricas de biodiesel, ração animal, linha pet e produtos de beleza. Em média, são quatro mil toneladas transportadas por mês para os estados do Sul do Brasil, além de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Espírito Santo.

“Desde 2011, temos valorizado os caminhões automáticos, que trazem muito mais vantagens em termos de rentabilidade. Hoje, ninguém mais quer dirigir veículo mecânico. Sem dúvida, esta é uma tendência que veio para ficar no Brasil”, comenta Felipe.

Ele ainda lembrou que nessa evolução dos veículos comerciais no País, o motorista tem sido priorizado, ganhando muito mais conforto e segurança. “Cada vez mais, os caminhões atingem novos patamares de tecnologia embarcada que se assemelham aos apresentados pelos automóveis”, compara.

Entre essas tecnologias, ele também destacou a alta conectividade, um recurso que, na opinião de Felipe, contribui para melhorar os resultados operacionais da transportadora, principalmente no que se refere à rentabilidade.

“Com os recursos de conectividade, conseguimos acompanhar em tempo real a performance do motorista, o consumo e todas as informações do caminhão de forma instantânea. Sem falar das vantagens dos planos de manutenção, que geram dados, permitindo que possamos agir de forma preventiva, programando melhor a manutenção e até diminuindo as manutenções corretivas, o que traz mais eficiência e disponibilidade”, ressalta.

Tanto isso é verdade que, segundo Felipe, com a nova geração de caminhões Scania já é possível notar uma economia de combustível de 10% em comparação aos modelos antigos da marca e uma média de 6% a 8% com os outros veículos da frota, que está agora toda conectada.

Além disso, os modelos da nova geração da Scania em operação na Gavazzoni contam com plano flexível de manutenção. Outra estratégia da transportadora é manter a frota a mais nova possível: a idade média dos veículos Scania, por exemplo, é baixíssima – R 440 mais velho 2016 (outros 2017 e 2018).

As vantagens da Telemetria

Manter uma frota jovem e moderna, sem dúvida, proporciona ganhos reais e significativos. Conforme Clecio, da Tombini, a renovação constante da frota vem garantindo à empresa uma economia de 5% no consumo de diesel e de até 60% nos custos com manutenção.

“Sem contar a possibilidade de poder oferecer aos clientes maior pontualidade no atendimento, identificando também, por meio do Fleetboard, os melhores condutores e os que precisam de alguma reciclagem”, revela.

Para o empresário, a telemetria é um dos melhores recursos para o transportador na busca por maior rentabilidade. “O Fleet Board, por exemplo, nos possibilita uma visão mais macro do negócio e mais assertividade na correção dos desvios, principalmente no consumo de combustível”, garante Clecio.

Além dos ganhos já citados, com a telemetria, o Grupo Tombini também mantém uma logística totalmente integrada com a tecnologia, permitindo tomadas de ações mais efetivas na operação.
Antônio Sidnei Petruco, da Rodonaves, também compartilha esse pensamento. “A telemetria embarcada nos veículos é um recurso importante. Já vem instalado, possibilitando acesso aos dados de cada veículo, proporcionando uma melhor gestão na sua operação. A telemetria viabiliza diversos dados e informações sobre muitos aspectos do funcionamento dos veículos e do comportamento do motorista. E esses dados podem ser transformados em indicadores-chave de performance, que se utilizados corretamente na gestão de frotas corporativas, podem proporcionar uma série de benefícios, como segurança dos motoristas e da carga, redução dos custos da frota, do consumo de combustível, diminuição de gastos desnecessários com serviços de manutenção, entre outros”, destaca o diretor da RTE Rodonaves.

Foco nos motoristas

De fato, a telemetria é um recurso que trouxe mais inteligência e eficiência para a gestão das transportadoras, contribuindo, inclusive, para aprimorar a atuação dos motoristas. “Por meio do sistema, é possível direcionar os treinamentos, atuar na redução das probabilidades dos acidentes, uma vez que parametrizamos a velocidade em todas as rotas que a Tombini opera, e, claro, reduzir a exposição ao risco, seja pelo controle da jornada do motorista ou na velocidade que ele está conduzindo. Ter esses dados em tempo real nos possibilita agir imediatamente, e não como antigamente, que era preciso analisar o disco de tacógrafo”, compara Clecio.

Na verdade, quando se avalia a tecnologia embarcada nos caminhões, é fundamental garantir a melhor integração do motorista com essas máquinas modernas. Afinal, de nada adianta contar com veículos que só faltam falar, se não houver caminhoneiros que possam usá-los adequadamente. Além disso, é sabido que grande parte dos benefícios prometidos por esses modernos caminhões está diretamente ligada à condução do motorista.

Portanto, esse é um aspecto levado em conta tanto pelas montadoras – que possuem programas para treinamento de motoristas nos clientes –, quanto pelas transportadoras e frotistas, que têm investido também continuamente na formação e capacitação dos seus condutores.

Segundo Petruco, da RTE Rodonaves, programas de treinamento são aplicados aos motoristas da empresa, visando uma condução adequada nas estradas, controles efetivos de jornada, integração com os embarcadores, entre outros aspectos, sempre buscando a completa visão de toda a movimentação de veículos e carga, de forma a assegurar cumprimento de horários, integridade e minimizar riscos.

“Nossos motoristas são treinados frequentemente. Estamos qualificando nossos condutores para usufruírem ao máximo dos recursos tecnológicos. As inovações tecnológicas são implantadas com muita rapidez, dificultando a qualificação dos profissionais para realizar a sua manutenção”, observa Petruco.

Na Transporte Gavazzoni, a preocupação com a capacitação do motorista também é uma prioridade.

Nesse contexto, a transportadora contratou o Driver Coaching do Driver Services (treinamento dos motoristas com master driver, oferecido pela concessionária Scania Cavese), que contribuiu para a empresa obter a economia de combustível de 6%.

“Já tínhamos um nível bom de mão de obra, mas com o treinamento conseguimos aprimorar os conhecimentos de nossos motoristas ainda mais. Além de se manterem preparados para utilizar os recursos disponíveis em nossa frota, os condutores acabam ganhando novas competências e aumentando sua empregabilidade, já que se tornam aptos a dirigir qualquer caminhão desse tipo e em qualquer empresa”, destaca.

Desafios

O Grupo Tombini também enxerga o motorista como peça fundamental em seu negócio, e, segundo o diretor, capacitar essa mão de obra de forma correta tem feito toda diferença. “Hoje, 100% dos veículos da frota Tombini são automáticos, mas cabe ao motorista na sua rotina diária utilizar a ferramenta de forma consciente e aproveitar os recursos tecnológicos oferecidos pelo veículo”, declara Clecio.

Transportadora Gavazzoni
Transportadora Gavazzoni

Num mundo cada vez mais moderno, esses são apenas alguns dos desafios que as empresas terão de lidar para serem cada vez mais rentáveis. “A tecnologia está aí para quem quiser aplicar. Mas a diferença está na forma como cada empresa utilizará esses recursos. Na verdade, nosso setor está tendo de se reinventar todos os dias. O cliente quer pagar cada vez menos pelo serviço, e manter a rentabilidade é nosso principal desafio”, avalia Felipe, da Gavazzoni.

Na visão do executivo, a tendência é que surjam cada vez mais inovações, tanto para os veículos quanto para a melhor gestão das frotas, beneficiando as transportadoras em sua busca por maior rentabilidade. “Há conceitos chegando, como os caminhões elétricos, além dos veículos com combustíveis alternativos, que já estão se tornando realidade no País, e, futuramente, os autônomos. Tudo isso está transformando de forma significativa o setor, que terá se de adaptar a essa realidade, procurando absorver as tecnologias para agregar valor a sua prestação de serviço e tornar sua operação mais eficiente”, conclui Felipe.

Por Redação Na Boléia.

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