3-21072017Se você fosse o motorista de um carro autônomo e não precisasse ficar atrás do volante, prestaria atenção ao trânsito da mesma forma? Ou confiaria cegamente na inteligência artificial, sem receio de algo dar errado, aproveitando o “tempo livre” para ler um livro ou acessar o celular?

A discussão de como as pessoas se comportam diante de tamanha inovação no mercado automotivo está mexendo também com o mercado de seguros. E só tende a esquentar já que as previsões apontam que essa tendência vai conquistar cada vez mais espaço. Segundo um estudo da consultoria EY, em 2035, os carros autônomos corresponderão a 75% da venda de automóveis no mundo.

Diante dessa realidade, surgem questões importantes. A primeira diz respeito à legislação: quem pode ser responsabilizado em caso de um acidente?

Recentemente, o jornal The New York Times publicou uma análise interessante a respeito de um teste realizado pelo Google com seus funcionários. Eles foram filmados utilizando o veículo no trajeto entre a casa e o trabalho. O resultado mostrou que, diante da certeza de que a tecnologia não falha, os motoristas abandonavam o posto e iam para o banco de trás, se aventuravam a subir no teto solar ou até mesmo a namorar.

No mercado de seguros, um dos principais pontos que se analisa é o risco atribuído ao condutor. Isso inclui o endereço da sua residência, o trajeto rotineiro, faixa etária, entre outros. Como ficam estas questões em um carro autônomo? Todas as situações poderiam ser consideradas iguais, uma vez que os carros contam com sistemas inteligentes e completamente seguros?

E se o carro autônomo é confiável, o seguro automotivo deve ser mantido para proteção do proprietário e terceiros em caso de colisão? E em relação ao uso compartilhado dessa tecnologia, como funcionaria o cálculo do seguro?

Diante de situações como esta, como fica a análise de risco por parte das seguradoras, seja para a precificação ou até mesmo aceitação daquele seguro? O fato é que é que muitas coisas precisarão mudar.

Em primeiro lugar, será necessário repensar a regulação. A análise do perfil do condutor do veículo, por exemplo, cairá por terra. Afinal, se considerarmos um carro totalmente autônomo, qual será a necessidade de analisar o perfil do condutor daquele veículo?

Isso não significa, porém, que novos riscos não passem a ser avaliados. Quais chances de um destes softwares serem invadidos por Hackers criminosos com o intuito de simplesmente roubar o veículo ou até mesmo cometer atos terroristas?

Tudo isso deverá ser levado em conta pelas seguradoras para as apólices de seguro em um futuro bastante próximo.

Por Claudia Rizzo
Claudia Rizzo é Gerente Executiva da MDS Insure Brasil.

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